São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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Filas são constantes mesmo depois da corrida

ENIO RIBEIRO DA SILVA JÚNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Filas são uma constante, mesmo depois da corrida
O domingo do maratonista começa com a fila do ônibus. A literatura oficial garante que o último ônibus que faz o trajeto 5ª Avenida-ponte Verazzano (onde é dada a largada) sai às 7h30. Mas, a essa hora, a fila dá voltas no quarteirão.
O percurso de ônibus leva meia hora em um trânsito desimpedido, o que dá aos corredores uma noção do tamanho da empreitada que os aguarda.
A largada parece o acampamento romano de um livro do Asterix. São 30 mil pessoas circulando entre tendas e banheiros. Lá estão os caminhões das televisões.
Um deles se destaca: há uma espécie de talk show acontecendo ao vivo em seu interior. O prefeito de Nova York fala ao microfone, enquanto o técnico dos Yankees espera de pé sua vez.
Os banheiros merecem um capítulo à parte. São centenas de cabines de plástico naquele que é oficialmente chamado de "o maior urinol do mundo". As filas para sua utilização são monumentais.
O Sol brilhando em um céu azul dá a impressão de um domingo de praia. A temperatura: -7°C. A pergunta "com que roupa eu vou?" povoa a mente de todos.
A solução dos maratonistas mais experientes é prosaica. Deixam casacos e luvas nos ônibus numerados que estarão na chegada, apetrechos fundamentais no aquecimento de um corpo cansado. O frio na largada e nos primeiros quilômetros é resolvido com os agasalhos jogados ao chão por outros corredores.
O tiro de partida é dado por um canhão. O que vem então é tudo aquilo que se espera: 42 km de gente incentivando, dando de chiclete a grapefruit, bandas de rock a gaita de fole (são mais de 30 ao longo do percurso), corais de gospel, torcedores com bandeiras de seus países e uma enorme energia positiva.
Após cruzar a linha de chegada, mais fila. Para pegar o cobertor térmico, uma bebida quente, as coisas no ônibus e, por fim, o metrô, que é de graça para os corredores.
(ERSJ)

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