São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 1996
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Genética dá mais dinheiro que o leite

SEBASTIÃO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A TIETÊ

Mesmo produzindo 7.000 litros de leite tipo A por dia, a fazenda Santa Maria, de Tietê (SP), não tem lucro com a atividade.
São as vendas de 200 vacas e novilhas por ano, por um preço médio de R$ 5.000, que garantem o ganho líquido da propriedade.
A Santa Maria, pertencente ao empresário paulista Rodolfo Rosas Alonso e sua mulher, Maria do Céu Rosas Alonso, produz, envasa e distribui duas marcas de leite, Forty e Salute, em cidades como São José do Rio Preto e Sorocaba.
Alonso afirma que recebe R$ 0,60 pelo litro hoje. Por dia, os 7.000 litros rendem R$ 4.200. Em um mês, totalizam R$ 126 mil.
"Há empate entre remuneração e custos. O que garante o lucro são os negócios com matrizes e novilhas em leilões e aqui mesmo na fazenda", diz Alonso.
Em maio último, por exemplo, a Santa Maria conseguiu média de R$ 4.688 por 35 vacas. Há três anos a média alcançou US$ 7.000.
Considerada a média de R$ 5.000 para as 200 vacas e novilhas negociadas em leilões e na fazenda por ano, a receita é de R$ 1 milhão.
Com mão-de-obra enxuta, genética apurada, comida para o gado feita por lá mesmo e emprego de tecnologia moderna na industrialização do leite, a Santa Maria é uma fazenda-modelo.
Apenas um funcionário controla a alimentação das 218 vacas em lactação. Ele leva apenas 15 minutos para completar o trabalho.
Usando um pequeno trator, o funcionário distribui os alimentos pelos cochos dos piquetes, onde as fêmeas vivem confinadas. Cada piquete abriga 16 animais.
A quantidade de comida colocada em cada cocho é controlada por uma balança eletrônica.
Alonso chegou a empregar 70 funcionários. Hoje, o quadro está reduzido a 25 trabalhadores.
Ele foi buscar nos EUA e Canadá gado holandês de alta genética.
"As vacas da Santa Maria estão produzindo 30 litros de leite por dia, graças ao manejo correto e à genética", afirma Alonso.
Algumas delas chegam a deixar nas ordenhadeiras modelo "espinha de peixe" da fazenda, que acolhe 16 animais por vez, volume próximo a 40 litros/dia.
Além das vacas em lactação, a Santa Maria mantém 200 animais de elite para participar de exposições, o que a tornou uma das primeiras do ranking da raça holandesa. A Santa Maria foi a primeira fazenda brasileira a exportar um tourinho para a Argentina.

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