São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 1996 |
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Penitenciária faz resgate de sua história
ANA MARIA GUARIGLIA
As fotos fazem parte de um estudo sobre os corpos tatuados dos presidiários e foram tiradas entre as décadas de 20 e 40 pelo psiquiatra Moraes Mello. Os trabalhos artísticos são desenhos a guache, realizados pelos detentos na mesma época e restaurados por Esmael Martins da Silva. Segundo Maria do Carmo Bracco Carramenha, 41, da organização do Museu, sua criação partiu de dois funcionários da Penitenciária, em 1968, que resolveram preservar a história do sistema. "Eles reuniram alguns documentos sem nenhuma metodologia científica; no entanto, registraram os achados no livro de tombo, o que nos ajudou muito para a formação do atual museu", diz. Ponto turístico Nos anos 20, a Penitenciária era considerada modelo de organização, sendo um ponto turístico, como comprovam 4.000 negativos, que documentam as visitas. Entre as raridades estão a escritura da compra do terreno da Penitenciária, em 1909, e o resgate das peças de um relógio carrilhão doado pela família imperial. Também existem registros da edificação do prédio, construído em 1919 pelo escritório de arquitetura de Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928), além das fotos e das obras da mostra. Com o passar dos anos, o velho museu foi abandonado e acabou desativado. O acervo se espalhou pelas salas das repartições do sistema, servindo como decoração sem cuidados com a preservação. Algumas tentativas de reuni-lo não tiveram êxito. Em 94, João Benedito de Azevedo Marques, 57, secretário da Administração Penitenciária, criou um grupo de trabalho, e o acervo começou a ser resgatado oficialmente. "A reabertura do museu é muito importante para São Paulo, abrigando obras produzidas pelos presos, inclusive a tradicional arte prisional do Juqueri, hoje Hospital de Custódia e Tratamento", diz. Para o secretário, a nova casa vai chamar a atenção da comunidade ao mostrar o outro lado do presidiário. Na sua ressocialização, aparece o artista. "Com o processo de desativação da detenção, estamos projetando uma nova política penitenciária que vai valorizar o preso e permitir que volte a ser um cidadão útil à sociedade." Para março de 97, está programada no MIS uma exposição enfocando trabalhos de pintura a óleo, aquarelas, entalhes e esculturas elaborados pelos detentos. O museu também está centralizando sua atenção para a formação de um centro de estudos. Há livros, prontuários e trabalhos científicos de grande interesse para os estudantes de medicina, psiquiatras e sociólogos. Ao mesmo tempo que oferece um vasto campo de pesquisas, o museu busca parceiros para auxiliar na restauração do seu acervo. Exposição: Fragmentos Onde: Museu Penitenciário (av. Ataliba Leonel, 656, tel. 011/950-2945, Carandiru, zona norte de São Paulo) Quando: hoje, às 11h; de segunda a sexta, das 9h às 17h; até 18 de janeiro Entrada: franca Texto Anterior: Navegador fantasma copia sites inteiros Próximo Texto: Tatuagem escondia marcas Índice |
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