São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 1996
Próximo Texto | Índice

TERRA PARA CONTRIBUINTES

Reforma agrária e reforma tributária. Os dois temas nunca andaram juntos e, em muitos aspectos, parecem mesmo antagônicos.
Para os defensores da reforma agrária -sobretudo para os líderes mais radicais que apostam na violência e na invasão de propriedades como uma espécie de guerra santa-, o lema historicamente sempre foi "terra para quem nela trabalha".
Para os técnicos e políticos envolvidos com questões fiscais, a reforma agrária surgia na agenda apenas quando se discutia um tributo relativamente esquecido, desprestigiado, praticamente inexistente como fonte de receitas relevantes, o ITR (Imposto Territorial Rural).
O dia de hoje poderá entrar na história, com a apreciação no Congresso Nacional da proposta de "reforma agrário-fiscal" do ministro Raul Jungmann, como um marco na aproximação desses dois temas aparentemente irreconciliáveis.
O novo lema, em torno do qual é imperioso que a sociedade brasileira consiga se unir, poderia ser "terra para quem paga impostos", sobretudo porque, de acordo com a proposta, pagarão menos imposto os que utilizarem a terra produtivamente.
A reforma agrária deixa de ser vista como um ato de expropriação, para ser uma decorrência de uma política transparente de distribuição de renda e patrimônio. Deixa o terreno da contestação à ordem e à propriedade para se colocar sob o império da destinação social da propriedade, sem violação de direitos.
Resta saber agora se o Congresso Nacional irá colaborar ou não com essa mudança de mentalidade na tão polêmica questão agrária.

Próximo Texto: ÂNCORAS DA CREDIBILIDADE
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.