São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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Suicida disparou 22 tiros em menos de um minuto

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Em menos de um minuto, o auxiliar administrativo Marcelo Kenji Yoshino disparou 22 tiros para matar três pessoas, ferir outras duas e tirar a própria vida.
Segundo o capitão Francisco Wanderlei Rohrer, comandante da Polícia Militar na região, Yoshino entrou na sala, tirou a pistola Glock 380, com capacidade para 15 tiros, da caixa de presente que carregava e começou a atirar.
Depois de acabar com o primeiro pente da arma, ele recarregou a pistola e deu mais sete tiros. A arma foi encontrada ao lado de seu corpo, contendo ainda oito balas.
Boa pontaria
Pela descrição das testemunhas, a primeira vítima de Yoshino foi Valéria Lelli, que levou nove tiros, seis deles no pescoço.
Em seguida, ele matou matado Thais Helena Paes da Silva, com sete disparos na barriga e na cabeça. Cleide Uria Casaro foi a terceira vítima, morrendo com três tiros.
Após essas três mortes, Antônio Carlos da Penha Biagioni e Christian Alves Pereira de Farias foram baleados. O primeiro levou um tiro no abdômen e foi operado. Farias foi atingido de raspão e liberado em seguida.
Por último, Yoshino chegou próximo ao corpo de Valéria e se matou com um tiro no ouvido. "O corpo dele estava em cima do da Valéria, em um canto da sala", descreveu o capitão.
"Ele tinha uma boa pontaria. Todos os tiros acertaram pontos vitais da vítima, como cabeça e peito", disse o capitão.
Foram encontrados nos bolsos de Yoshino dois certificados de cursos de tiro.
Os 22 tiros foram ouvidos em todos os 22 andares do prédio, segundo funcionários.
No momento do crime, havia cerca de dez pessoas na sala. Os cinco que não foram baleados conseguiram escapar se escondendo embaixo das mesas.
"Ele chegou e começou a atirar, sem dizer nada. Eu me joguei embaixo da mesa e fiquei ouvindo as balas passarem ao meu lado. Até agora não sei como não morri", disse um funcionário que se identificou como Ari.
"Foram os momentos mais assustadores da minha vida. Achava que podia morrer a qualquer momento", afirmou Ronaldo, funcionário do mesmo departamento.
Vários funcionários da empresa ouvidos ontem pela Folha confirmaram que Yoshino era declaradamente apaixonado por Valéria.
"Ele vivia mandando cartas, flores e bombons, mas ela não dava bola, pois era noiva", afirmou uma recepcionista que se identificou como Rosângela.

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