São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cade define solução para grupo Gerdau e Kolynos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) definiu ontem a solução para os dois casos mais importantes de sua pauta: a compra da Siderúrgica Pains pelo grupo Gerdau e a compra da Kolynos pela Colgate-Palmolive.
A Gerdau aceitou fazer um investimento de cerca de R$ 47 milhões e, em troca, permanecer com o controle de cerca de 46% do mercado de aços não-planos.
A Colgate escolheu suspender o uso da marca Kolynos por quatro anos. Em compensação, não precisará desfazer a compra da empresa, que lhe garantiu 78% do mercado de cremes dentais.
O Cade tem poder para vetar compras e fusões de empresas que resultem em domínio de mais de 20% do mercado.
Mas, nos dois casos, o Cade não optou pelo simples veto das operações e propôs outras opções para tentar reduzir a fatia de mercado.
Tanto a Gerdau quanto a Kolynos puderam escolher entre três opções de um cardápio oferecido pelo Cade. A Colgate poderia vender a Kolynos ou licenciar a marca por 20 anos para uma empresa que detivesse menos de 1% do mercado de cremes dentais.
A Gerdau poderia vender a Pains ou arrendá-la por 20 anos para outra empresa com menos de 10% do mercado de aços não-planos ou consórcio com menos de 15%.
A Colgate e a Gerdau, entretanto, escolheram a terceira alternativa, que nos dois casos permite conservar maior fatia do mercado.
Entre os investimentos que a Gerdau deverá fazer, está a reativação da unidade da Pains instalada em Contagem, para posterior venda. Deve gastar R$ 15 milhões.
Além disso, deverá vender a empresa de transportes Transpains, além de investir outros R$ 28 milhões -parte deles no desenvolvimento de novas tecnologias, que deverão ser cedidos ao mercado.
A Gerdau aceitou, também, desistir de um polêmico recurso que havia interposto junto ao ministro Nelson Jobim (Justiça). O ministro suspendera a decisão anterior do Cade, que determinava que a compra da Pains tinha que ser desfeita.
O Cade, a princípio, ignorou o recurso, argumentando que Jobim não tinha poderes para reformar uma decisão do conselho. Em novembro, o conselho fez uma nova proposta para a Gerdau.
No compra da Kolynos, a Colgate viu negada pelo Cade sua proposta inicial, que previa o licenciamento da marca por 20 anos.
A Colgate queria ser o fornecedor e distribuidor exclusivo de cremes dentais ao licenciado e cobrar royalties muito altos.
A empresa tem prazo de 30 dias para apresentar o plano de suspensão da marca.

Texto Anterior: Tarifas respondem por 40% da inflação
Próximo Texto: Loja de rua espera vendas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.