São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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Romance conta aprendizado de amor

FRANCISCO ACHCAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como o superior "O Ateneu" (1888), de Raul Pompéia, "Amar, Verbo Intransitivo" (1927), de Mário de Andrade é um "romance de formação".
É uma história de desapontamento, amargura, frustração e beleza. Trata-se de um aprendizado de amor, uma educação sentimental.
A amargura se deve a que o verbo amar, que deveria ser tomado como intransitivo, acabou impondo indevidamente sua natureza transitiva.
Em outras palavras: um pai emprega uma "fraulein", uma jovem alemã, Elza, para funcionar como governanta de seus filhos e introduzir o mais velho, Carlos, no conhecimento do amor (em sentido intransitivo, ou seja, o sexo).
Mas ocorre aquilo que não devia ocorrer: o garoto se apaixona pela moça, e ela também, de certa maneira, se envolve com ele. Dessa experiência ficará para o protagonista um gosto doce-amargo, para sempre associado às "razões de ele saber alemão".
Muito diferente de "Macunaíma", que Mário de Andrade escreveria no ano seguinte, este romance é mais convencional, mas é um dos marcos da nossa literatura moderna, seja como narrativa psicológica, seja como escrita literária inspirada na linguagem coloquial brasileira.
Quanto à representação de comportamentos, ambientes e relações sociais, embora se trate de um livro desigual, encontra-se nele algo da acuidade que depois se fará presente nas melhores narrativas de "Contos Novos".

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