São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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Biblioteca Nacional inaugura mostra

Obsessão por enciclopedismo é o tema

BETINA BERNARDES
DE PARIS

A abertura ao público, a partir de amanhã, da Biblioteca Nacional da França, que recebeu o nome de Biblioteca François Mitterrand, será marcada por uma exposição tão monumental quanto seu edifício.
"Todos os Saberes do Mundo" pretende mostrar a evolução, através dos tempos, da obsessão humana pelo enciclopedismo, a junção do saber.
São mais de 600 documentos e objetos, ocupando 2.000 m2, incluindo a cultura árabe e a chinesa.
Estão expostos, por exemplo, as tábuas de argila de Sumer, de 5.000 anos de idade, o raro manuscrito "De Rerum Naturis", de Raban Maur, do século 9, trazido da abadia onde é guardado na Itália, e a Enciclopédia de Alembert e Diderot.
Os dois ganham uma sala inteira, com 17 volumes de texto e 11 volumes de pranchas.
O visitante poderá conhecer como foi formada a primeira grande coleção de escritos, na Mesopotâmia.
Assurbanipal
No ano de 640 a.C., o rei Assurbanipal criou uma biblioteca. Os "volumes" eram tábuas de argila com inscrições.
Para expandir a coleção, ele mandou seus empregados explorarem o reinado e se apropriarem de toda obra que pudesse ser anexada a sua "estante".
Seguindo a viagem no tempo, o visitante verá que fazem parte da mostra a "Ilíada", de Homero, e a "Geografia", de Ptolomeu.
Quase 200 anos depois, aparece o "Livro das Maravilhas do Mundo", de 1410-1412, com partes de diários de viagens de Marco Polo e Cristóvão Colombo.
A exposição "Todos os Saberes do Mundo" ocupa também um espaço na Biblioteca Nacional, na r. Richilieu, "mãe" da François Mitterrand.
A Biblioteca François Mitterrand nasceu da necessidade de criar um espaço para as coleções e novas aquisições da Biblioteca Nacional.
O projeto final, obra do arquiteto Dominique Perrault, resultou em um prédio com quatro torres de vidro de 79 metros de altura -batizadas com os nomes de "Tempo", "Letras", "Números" e "Leis".
Cada torre tem sete andares de escritórios, dois andares técnicos e 11 andares onde são estocados livros.
Concebida para ser uma biblioteca virtual, a BFM tem uma sala de audiovisual com 45 postos de consulta multimídia, 400 filmes e 50 mil imagens numéricas. Sua coleção conta, no momento, com 580 mil volumes.
O custo de conservação da biblioteca é estimado em 1 bilhão de francos por ano (US$ 200 milhões), ou 7% do orçamento anual do Ministério da Cultura francês. A entrada é paga e custa 20 francos (US$ 4).

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