São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996 |
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Cineasta lança curta de massinha para adultos
DANIELA ROCHA
Esse é o enredo do primeiro curta-metragem pornô brasileiro que mistura duas linguagens: massinha e filme convencional. O curta, com duração de 15 minutos, tem direção e roteiro de Fernando Coster, 25, e deve ser lançado em março. "O filme gira em torno da impossibilidade do encontro dos dois, mas mostra todos os esforços de Ana para se aproximar de Valdisnei", disse o diretor. Valdisnei tem o porte forte, expressão de malandro e elegância de um diplomata, design desenvolvido pelo diretor de arte Jejo Cornelsen e sua equipe. Não é à toa que a voz escolhida para o boneco é a do ator Nuno Leal Maia. Quem interpreta Ana, a mulher de verdade que se apaixona pelo boneco Valdisnei, é a atriz Malu Bierrenbach. Para adultos As cenas mais quentes do filme mostram Ana assistindo, por engano, a um filme protagonizado por Valdisnei, com direito a várias posições e muita ação. "Quero mostrar que filme de animação não é necessariamente infantil. Este será um filme assumidamente para adultos", disse Coster. A idéia de fazer um filme pornô de massinha nasceu inicialmente de brincadeiras do trio de cineastas Fernando Coster, Ricardo Elias e Christiano Metri. "Queríamos fazer o filme todo pornô. Eu resolvi assumir o projeto e fiz outro roteiro. Acrescentei a história da paixão de uma garota de verdade pelo boneco." Apesar de o filme deixar claro que Valdisnei é um boneco, seu tratamento é o de um ator como outro qualquer. "No filme, ele faz tudo o que gente de verdade faz." Suas falas são esculpidas na massinha a partir da decupagem da gravação em vídeo com Leal Maia. Cada passo dado pelo boneco, que tem na verdade 25 cm de altura, é milimetricamente calculado. Um minuto de animação requer dez dias de filmagem. O processo é cansativo, mas compensa. O know-how da animação veio de anos de trabalho em parceria com o videomaker Cao Hamburger, além de videoclipes e comerciais que Coster faz desde 89. Grana Fernando Coster começou a filmar "Amassa que Elas Gostam" no ano passado, com R$ 20 mil que ganhou com o prêmio Resgate do Cinema Brasileiro (do Ministério da Cultura) pelo roteiro. Apesar de já ter finalizado o filme neste ano, ele resolveu refazer algumas cenas que duram no máximo dois minutos e custam cerca de R$ 8.000. Na falta de patrocinadores, Coster foi à luta, fez alguns comerciais e deve dividir as despesas com a produtora do filme, a Casa de Produção. "Tentei patrocínio até de produtores de filmes pornô, mas meu projeto não é de interesse deles", disse. O diretor continua batalhando para conseguir recursos para fechar o orçamento, mesmo assim já tem organizado o cronograma para as filmagens. Segundo ele, existe uma grande dificuldade em conseguir patrocínio para curtas, porque eles não têm mercado no Brasil. "A via para mostrar o filme é por meio de festivais e tentando emplacar antes da exibição de filmes do circuito comercial, mas ainda existe uma grande resistência", afirmou. Texto Anterior: Madonna espera o Oscar por "Evita" Próximo Texto: 'Midnight Clowns' traz festa ao palco Índice |
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