São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Gravadoras dividem puxadores de toada
CELSO FIORAVANTE As perspectivas de sucesso da toada amazônica são tão grandes que têm gerado estratégias ousadas no mercado fonográfico nacional.A gravadora paulistana Atração Fonográfica, por exemplo, que tem contratos com os mais importantes puxadores de boi (cantores de toada) da região amazônica, emprestou seus artistas para a gravação de discos por gravadoras maiores. É o caso de Arlindo Jr. e da banda Carrapicho. A Atração tem contrato com os dois. No caso de Arlindo Jr., emprestou-o para a DC-Set, que, com distribuição da Sony, lançou no mercado um disco homônimo e promove o artista em todo o país. Para isso recebe royalties sobre a cessão do artista no período e retira seus discos anteriores do mercado (a Atração tem dois de Arlindo Jr., "Saga de um Canoeiro" e "Pássaro Sonhador") por um tempo determinado -até março. É o período necessário para que a DC-Set trabalhe o artista e venda pelo menos os 100 mil CDs que tira na primeira prensagem, que chegou ao mercado na primeira semana deste mês. As gravadoras fizeram o mesmo tipo de acordo com outros dois puxadores: David Assayag e Tony Medeiros. O disco do primeiro sai em janeiro e foi gravado ao vivo, assim como o de Arlindo Jr. Tony Medeiros entra em estúdio em janeiro. Todos os discos levam os nomes dos artistas, para assim reforçar ainda mais sua imagem no mercado. A atração da DC-Set pelos puxadores do boi começou no final de 95, quando, escalado para abrir shows de Roberto Carlos e Julio Iglesias em Manaus, o puxador roubou a cena e fez brilhar os olhos do empresário Dody Sirena, da DC-Set. Segundo Murilo Pontes, responsável pela área popular da Atração, a relação estabelecida entre sua gravadora, o grupo Carrapicho e a gravadora BMG é semelhante. A Atração empresta o artista à multinacional e retira de circulação o disco "Bumbalanço". Espera então que o artista seja bem trabalhado no mercado -que "Tic, Tic Tac" seja martelado até a exaustão na cabeça dos ouvintes- e relança o disco anterior. "Para o mercado nacional serão discos inéditos, pois só foram explorados na região amazônica", disse Pontes. A Atração, de Wilson Souto Jr., conta com cerca de 130 títulos de diversas áreas em catálogo, em parte graças aos títulos que herdou do selo Lira Paulistana (que era de Souto Jr.). A gravadora prepara para o próximo ano o lançamento dos novos discos do Regional Vermelho e Branco e o primeiro disco de Lucilene de Castro, além de outros ritmos amazônicos, como carimbó. Texto Anterior: Peças de Brecht encerram temporada Próximo Texto: Ritmo seduz até sambistas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |