São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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Grupo resiste a Fujimori

NEWTON CARLOS
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Embora com menos poder e ambições do que o Sendero Luminoso, o Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) tem se mostrado mais resistente à contra-insurgência do que calculava o presidente Alberto Fujimori.
Em dezembro passado, quatro de seus militantes foram mortos, e 18, presos num assalto policial e de tropas do Exército a uma casa em La Molina, bairro residencial da capital peruana. O líder do MRTA, Victor Polay Campos, já estava na cadeia. No assalto caiu o número dois, Miguel Rincón.
Teria sido o último suspiro do MRTA? Agora se sabe, um ano depois, que a resposta é negativa. Os documentos apreendidos revelavam que o MRTA planejava operação audaciosa e de forte impacto, com o objetivo de forçar a libertação de seus presos.
A idéia original era invadir o Congresso, transformar os deputados em reféns e impor condições a Fujimori. Em La Molina foram encontradas armas automáticas, granadas e lançadores de foguetes.
Havia, portanto, a expectativa de ação do gênero, minimizada pelos estragos que o assalto fez no MRTA. Mas Fujimori está agora diante da comprovação de que o grupo guerrilheiro não só não desistiu da idéia como conseguiu levá-la adiante.
Os serviços peruanos de inteligência atribuem esse restante de capacidade operacional a conexões externas. Pelo menos três estrangeiros foram presos em La Molina, entre eles uma cidadã americana, Lori Berenson.
O idealizador do plano de invadir o Congresso, ainda segundo a inteligência do Peru, foi Pacifico Castrejon, um panamenho. As armas estariam vindo do Panamá.
O MRTA, para reagrupar-se, contaria com cobertura na Bolívia, no Chile e na Colômbia. No Chile, de integrantes do Movimento de Esquerda Revolucionária, o MIR.
Fujimori, de posse de documentos que seus serviços de segurança apreenderam em La Molina, procurará conseguir o apoio de governos dos países onde o MRTA teria conexões, para apertar o cerco.
A situação é difícil para ele. Há pouco andou às turras com a cúpula militar peruana, em conflito por causa da prisão arbitrária de um general dissidente.
Um de seus trunfos foi o anunciado êxito da luta contra a violência. Mas a guerrilha peruana está disposta a continuar marcando presença e com audácia.

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