São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Covas descarta disputar reeleição

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo descartou ontem a possibilidade de vir a disputar sua reeleição, caso a emenda constitucional que trata do tema seja aprovada pelo Congresso Nacional. "Minha reeleição está fora de questão."
O governador participou de evento "Erguendo a bandeira de São Paulo", promovido por sua assessoria para realizar um balanço de seus dois anos de governo e homenagear representantes de setores da sociedade que participam de programas junto com o Estado.
A atividade reuniu desde famílias assentadas na região do Pontal do Paranapanema (foco de conflito de terra no Estado) até crianças da Febem, que participam de uma orquestra tocando os instrumentos que elas mesmas produzem.
Também estava presente o empresário Antonio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, parceiro do Estado na construção de duas usinas hidrelétricas licitadas neste ano.
Terminado o evento, a dúvida que pairava era se Covas poderia ter mudado de opinião com relação à reeleição. "Quando fui chamado a opinar, votei contra. Não mudei de opinião. Acho pouco recomendável", afirmou.
Segundo ele, trata-se apenas de opinião. "Não é questão ideológica ou programática. Se o partido ficar a favor disso, eu encaro."
Sobre o aperto nas contas do Estado, ele avalia que o quadro continuará durante o ano que vem. Mas afirmou que a situação está um pouco mais confortável porque o governo deve terminar o ano com déficit (diferença entre o que arrecada e o que gasta) zero.
"Nós, aqui, estamos fazendo a lição de casa, controlando o déficit. Isso é fundamental para o sucesso do (Plano) Real, para atrair investimentos, para garantir emprego", analisou.
Segundo Covas, muito do que se diz contra o Real é "mentiroso", e 1997 verá a consolidação das mudanças que o plano trouxe.
"A taxa de desemprego é menor hoje do que no tempo do Sarney (José Sarney, 85/90) ou do Itamar (Franco, 92/94)", afirmou.
"No ano que vem, eu aposto que a taxa de crescimento da economia será de 7%", arriscou.
E foi além: "No final do ano que vem, teremos juros de 12% ao ano. As taxas vão cair".
Segundo sua avaliação, a concorrência provocará essa queda. "De hoje em diante, quem faz os preços é o consumidor. Assim, os custos se adaptam ao preço, e não os preços ao custo. É uma mudança brutal", explicou.
É por isso que o consumo está aumentando, segundo Covas. "Nunca se viu o pobre comprando tanto como agora. Enquanto isso acontecer, a reeleição vai passar, e o Fernando Henrique vai se eleger quatro vezes."

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