São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Família diz que funcionário da Sabesp perseguia vítima

MARCELO OLIVEIRA
HENRIQUE FRUET

MARCELO OLIVEIRA; HENRIQUE FRUET
DA REPORTAGEM LOCAL E DA FT

14 pessoas vão ao enterro de auxiliar que matou 3 pessoas

O auxiliar administrativa da Sabesp, 22, Marcelo Kenji Yoshino perseguia e assediava a técnica em contratações da empresa, Valéria Lelli, 26, há pelo menos dois anos, segundo familiares.
"Desde que conheci Valéria, em 94, ele ficava atrás dela", disse ontem o noivo da moça, Sandro Ribeiro de Godoy, 24.
Na quarta-feira, Kenji assassinou três colegas de trabalho, entre elas Valéria, e se suicidou. O motivo do crime seria uma desilusão amorosa causada pelas inúmeras recusas da moça.
Mais de cem pessoas compareceram ontem ao velório e ao enterro de Valéria no cemitério do Araçá, na Consolação (zona oeste).
O irmão de Valéria, o eletricista Agnaldo Lelli, 32, confirma que a perseguição. "Por isso, ele foi transferido." Segundo ele, há cerca de três meses, Kenji fez uma visita a Teresa Lelli, mãe de Valéria. "Ele se apresentou como amigo dela, mas queria namorá-la."
Lelli diz que a família ainda vai se reunir para decidir se processa ou não a Sabesp. "Alguém tem que ser responsabilizado por isso, uma psicóloga da empresa sabia do problema." Segundo ele, Valéria pensou em prestar queixa contra o assédio, mas foi convencida pela psicóloga a desistir.
A Sabesp se recusou a apresentar a ficha funcional de Kenji. Disse apenas que ele era concursado e que daria explicações à polícia. A empresa não forneceu dados sobre o possível acompanhamento psicológico ao qual o funcionários estaria sendo submetido.
A advogada trabalhista Gisleine Silva Geraldo diz que cabe à Previdência Social a decisão de afastar ou não o funcionário do trabalho.
Apenas 14 pessoas compareceram ao enterro de Marcelo Kenji Yoshino no Cemitério da Paz, no Morumbi (zona sul de São Paulo).
O pai do rapaz, Tetuo Yoshino, e a mãe, Kiyoe Yoshino, não quiseram falar com a imprensa.
O restante do grupo era formado por duas vizinhas e funcionários da área administrativa da Sabesp, que pagou o sepultamento.
Ela disse que não era amiga íntima dos Yoshino e que foi ao enterro em solidariedade à mãe do rapaz.

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