São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996 |
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Surdos ganham primeiro vídeo sobre Aids
AURELIANO BIANCARELLI
Tem o 'machão' que não usa camisinha, o homossexual, o bissexual e, entre as mulheres, uma que pegou Aids do marido. O papo é mantido por gestos e códigos da língua brasileira de sinais. O emprego dessa linguagem foi a solução encontrada para se chegar aos surdos que não aprenderam a língua portuguesa escrita. Cerca de 90% dos cerca de 2 milhões de surdos do país não sabem ler. Para eles, jornais, revistas e folhetos não existem. O rádio não serve para nada e a TV só tem imagens. Alijados da mídia e fora do alcance das campanhas, eles não conhecem quase nada da Aids. "Muitos entrevistados não sabiam como se pegava o HIV e outros achavam que o AZT curava a Aids", diz Eulália Fernandes, linguista, professora da Uerj e coordenadora do programa. Até agora, não se sabia o alto risco de contaminação que essa população vinha correndo. "O vídeo pode salvar muitas vidas", diz Eulália. O projeto é financiado pelo Ministério da Saúde e tem convênio com o Instituto Nacional de Educação de Surdos, do MEC. A equipe já treinou instrutores surdos que oferecem cursos para multiplicadores também surdos. Com o vídeo, o projeto quer chegar a todas as instituições que trabalham ou reúnem deficientes auditivos no país. Intérprete hospitalar Em outra frente, o projeto oferece intérprete para auxiliar surdos já infectados no contato com médicos do Hospital Universitário. "Era comum o médico falar em português e o paciente responder na língua dos sinais", diz Eulália. "Um não entendia o outro, e o doente levava o AZT para casa sem saber o que fazer com ele." O projeto "Sinais de Vida", como foi batizado, foi apresentado ontem no 1º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST/Aids realizado em Salvador. Outro projeto citado foi o Barong, um trailer que carrega uma camisinha de cinco metros de altura e serve de base para distribuição de folhetos e venda de preservativo a baixo preço. O Barong é um trabalho da Apta, de São Paulo, e volta a percorrer as praias paulistas, como já fez no ano passado. Endereço do projeto para surdos: Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Sinais de Vida - Eulalia Fernandes - Caixa Postal 64017 - Leme - Rio de Janeiro - CEP 22012-970 - tel. (021) 587-7366 Texto Anterior: Associada da Amil reclama de exame Próximo Texto: Projeto informa umbandistas Índice |
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