São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Poluição de rio deixa 25 mil sem água

EDMILSON ZANETTI

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Rio foi contaminado por resíduos de laranja de uma empresa, em Mirassol

Cerca de 25 mil moradores de Mirassol (455 km a noroeste de São Paulo) estão sem água desde ontem, por causa de poluição no rio São José dos Dourados, que abastece metade da cidade.
O rio foi contaminado na terça-feira por resíduos de laranja da Bascitrus, empresa que industrializa suco para exportação.
O resíduo que contaminou o rio, matéria orgânica que sobra da moagem da laranja, é utilizado pela empresa como adubo em plantações de milho e de eucalipto. Ele torna a água suja e com forte cheiro, imprópria para consumo, segundo a engenheira química Marisol de Carvalho, 45, responsável pela estação de tratamento.
Corte
A prefeitura interrompeu ontem o fornecimento de água aos bairros centro, São José, Renascença e Cohab 1, até que sejam esvaziados e limpos dois reservatórios -um de 1 milhão de litros e outro de 400 mil litros- e o rio seja despoluído.
A engenheira estima que o abastecimento volte ao normal em dez dias.
A partir de amanhã, a população começa a ser servida, em caminhões-pipa, com água do poço profundo, sem tratamento de cloração.
Os postos de saúde foram orientados a distribuir hipoclorito de sódio, para que as pessoas tratem a água em casa.
Uma campanha vai pedir que os moradores lavem as caixas que reservaram água contaminada.
A Bascitrus cedeu à prefeitura sete caminhões-pipas para o abastecimento.
Setores públicos essenciais, como escolas e postos de saúde, têm prioridade e estão sendo atendidos por dois caminhões da prefeitura desde ontem.
Fortes chuvas
O assessor jurídico da Bascitrus, João Cavenhaghi, disse que o sistema de represamento dos resíduos foi rompido por fortes chuvas.
Segundo ele, a chuva superou 100 mm em menos de uma hora.
A empresa despeja no solo, em média, 30 mil metros cúbicos do resíduo por dia. Em nota divulgada ontem, a diretoria da Bascitrus pediu "desculpas à população pelo transtorno".
O diretor da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) em São José do Rio Preto, Bruno Maset Filho, 40, aguarda resultado de exames da água contaminada para definir o valor da multa, que pode variar de 10 Ufesp (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo, valendo R$ 7,7) a 10 mil Ufesp (R$ 77 mil).

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