São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Combustível frustra inflação de 10%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O aumento dos combustíveis poderá fazer com que o sonho do governo de fechar 96 com inflação de 10%, ou menos, não se concretize.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) da Universidade São Paulo divulgou ontem nova deflação em São Paulo.
Na média, os preços caíram 0,15% nos últimos 30 dias terminados em 15 de dezembro. É a segunda deflação do ano apurada pela Fipe. Na semana anterior os preços haviam caído 0,03%.
Os alimentos foram os principais responsáveis pela queda. O fim do período mais agudo da entressafra de alguns itens, como a carne bovina, e a chegada da safra de outros, como feijão, derrubaram os preços em 1,15%, em média.
O aumento dos combustíveis -desde terça-feira- vai reverter essa tendência de queda na taxa. Se o aumento médio ficar em 12% em São Paulo, o peso na inflação será de 0,56 ponto percentual em 30 dias. Só em dezembro o impacto será de 0,25 ponto percentual.
Previsão revista
Após o aumento dos combustíveis a Fipe refez suas previsões para a taxa de dezembro. A previsão de zero está descartada, e a taxa do mês pode ficar em até 0,3%.
Se esse patamar se confirmar, a inflação de 1996 pelo IPC da Fipe ficaria em 10,17%.
O governo trabalhava com a perspectiva de 10%. Os mais otimistas sonhavam até com inflação de um dígito. No início do ano a Fipe previa taxa anual de 14%.
Heron do Carmo, coordenador do IPC da Fipe, acredita, no entanto, que os postos de gasolina não têm muito espaço para aumentar os preços. O aumento virá forte no início, mas muitos recuarão depois, acredita o economista.
A tendência de redução nos preços dos alimentos foi generalizada, inclusive no custo da alimentação fora do domicílio, setor sempre mais resistente a quedas.
A principal queda ocorreu entre os produtos industrializados. Na segunda quadrissemana do mês os alimentos industrializados tiveram queda de 1,75%.
O custo da habitação também recuou. Um dos motivos é a taxa menor de reajuste dos aluguéis.
No setor de vestuário, os preços tiveram pouca alteração, mas deve ser o fiel da balança em dezembro. Se os estoques realmente estiveram altos, deve haver queda de preços, segurando a taxa de inflação, diz o economista da Fipe.

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