São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Estrangeiros assumirão duas instituições

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai autorizar dois bancos estrangeiros a comprar duas instituições financeiras que estão em processo de liquidação.
Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) recomendou ao presidente Fernando Henrique Cardoso que declare de interesse do governo a compra da corretora Irmãos Guimarães pelo Deutsche Bank, e do Banco Investcorp pelo Credit Suisse First Boston.
Para ficar com o Investcorp, em liquidação desde 95, o Credit Suisse assumirá um passivo a descoberto de R$ 13,8 milhões. O maior credor é o Banco Central, com R$ 7,6 milhões a receber.
O Credit Suisse ganhou o direito de pagar ao BC essa dívida em cinco anos, com juros pela TR (Taxa Referencial) mais 6% ano ano.
O Credit Suisse, na prática, vai pagar um "pedágio" para entrar no país. A Constituição veda a participação do capital estrangeiro em instituições financeiras, a menos que haja interesse do governo -determinado pelo presidente da República.
O Deutsche vai pagar R$ 5,1 milhões pela corretora Irmãos Guimarães. Segundo o diretor de Normas do BC, Alkimar Moura, a corretora está em boa situação financeira, e só foi liquidada devido à intervenção no banco do grupo.
Ontem, o CMN também aprovou recomendação para autorizar a transformação de instituições estrangeiras em bancos múltiplos.
Pelas regras em vigor, somente as instituições financeiras com subsidiária no país podem atuar como bancos múltiplos.
O CMN quer que o presidente revogue um decreto e, assim, amplie o campo de atuação também das cerca de dez agências de estrangeiros instaladas no país.
Os bancos múltiplos podem operar em um leque maior de setores, incluindo operações comerciais, imobiliárias, de financiamento e de investimento. Hoje, as filiais só podem funcionar nos setores em que operavam antes da promulgação da Constituição.
O CMN também definiu como vão operar os bancos estaduais que optarem por se transformar em agências de fomento. O primeiro a aderir foi o BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais). Essas instituições poderão fazer empréstimos de longo prazo para financiar o desenvolvimento, mas não poderão receber depósitos do público, como contas correntes ou caderneta de poupança.
O CMN também manteve em junho o mesmo redutor da TR (Taxa Referencial) adotado em maio, de 0,95%. Isso deverá manter no mesmo patamar os rendimentos da poupança e os juros de parte dos financiamentos da casa própria. Outra decisão permitiu que fundos de investimentos estrangeiros comprem ADRs (papéis lançados no exterior representando ações) de instituições brasileiras.

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