São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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LDB é sancionada, mas deve mudar em 97

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sancionada ontem sem vetos pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) pode ser alterada ainda nos primeiros meses do próximo ano.
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, disse que deve enviar um projeto de lei ao Congresso com objetivo de mudar o artigo sobre o ensino religioso nas escolas públicas.
"É um tema sério e polêmico. Por mim, os Estados é que deveriam decidir, mas, como a legislação tem que ser a mesma para todos, é preciso entendimento nacional", afirmou o ministro.
A LDB diz que o ensino religioso deve ser facultativo e não deve representar ônus para o Estado.
Representantes de diversas facções religiosas -inclusive da Igreja Católica- ficaram insatisfeitos com o texto.
O motivo é que, se o Estado não remunera os professores, são as entidades religiosas que acabam por ter de arcar com o pagamento dos salários.
"Há problemas. Até que ponto cabe ao Estado ou não ter o ônus do ensino religioso? De que maneira fazer devido à pluralidade de religiões no Brasil?", ponderou o ministro da Educação.
FHC sugeriu que a LDB seja chamada de lei Darcy Ribeiro, em homenagem ao senador (PDT-RJ), que foi à cerimônia de cadeira de rodas. Ele sofre de câncer.
Na avaliação de FHC, a sanção da LDB é uma "revolução branca da educação".
Paulo Renato disse que em janeiro vai convocar integrantes de várias religiões e seitas para conversar sobre o tema.
Modelo paranaense
O ministro considera a hipótese de estender aos demais Estados o modelo adotado pelo Paraná -o Estado paga o salário do professor de religião, que oferece uma "instrução ecumênica" aos alunos.
"Eles introduzem todos os princípios religiosos existentes no Brasil, protestante, católico etc.", disse o ministro da Educação.
Fernando Henrique Cardoso mandou um recado para os críticos de seu governo. Segundo ele, "é muito fácil criticar e é muito difícil fazer".
E ironizou: "Fomos a vida todos críticos, não é Darcy? Mas chegou uma idade que começamos a fazer. E, ao fazer, não esquecemos críticas que fizemos nem menosprezamos os que hoje são críticos. Queremos apenas que, quando se faz, que reconheçam que avançou."
Ele reafirmou que 97 será o ano da saúde e citou o ex-ministro Adib Jatene (Saúde) duas vezes em seu discurso.
"A área financeira, ao contrário do que alguns apregoaram, é amiga e cúmplice do doutor Jatene porque provoca dor no coração, infartos. Mas, com ou sem, acabam cedendo."
Em seguida, afirmou que os progressos no setor irão acontecer porque o "terreno já foi preparado pela administração Jatene".

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