São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996 |
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Só título separa Jackie da 'transição'
DANILO VALENTINI
Líder da competição, Jackie, 34, junto com sua parceira Sandra, tem que terminar a etapa na frente de Adriana Behar e Shelda, a única dupla que pode estragar a festa da melhor atleta brasileira neste ano. Medalha de ouro em Atlanta -a primeira mulher a conseguir esse triunfo-, melhor jogadora do mundo e a melhor atleta do Brasil eleita pelo COB, Jacqueline planeja manter o ritmo em 97 e vencer tudo o que vier pela frente. Mas para isso ela tem que manter a forma física. Há três semanas, Jacqueline disse que se sentiu muito desgastada e sem energia e teve que se dedicar ao trabalho físico. O ano de 97 também irá revelar um outro lado da personalidade da atleta: o de dirigente. Em fevereiro, Jackie irá disputar, junto com sua ex-companheira de seleção Dulce Thompson, o comando da Federação Carioca de Vôlei. Jacqueline concorre como vice-presidente da chapa. Depois de vencer a dupla Albertiza/Rejane pela fase final do Circuito, que termina amanhã, Jackie falou à Folha: * Folha - Primeira medalha de ouro do Brasil em uma Olimpíada, campeã do circuito mundial, melhor jogadora da Olimpíada e melhor atleta do Brasil eleita pelo COB. O que esperar para 97? Jackie - Vencer mais. Quero continuar aprimorando o meu estilo de jogo com a Sandra, pois ainda temos muito a render e muitas competições para vencer. Tudo pensando na Olimpíada de Sydney-2000. Quero chegar até lá não só para conhecer a Austrália, mas para trazer o bi olímpico. Folha - Além de manter a hegemonia nas praias, você tem mais algum objetivo? Jackie - Sim. Também quero contribuir com o crescimento do esporte no país. Não só na praia, mas do vôlei em si. Eu e a Dulce vamos participar das eleições em fevereiro para a presidência da Federação Carioca de Vôlei. Folha - Qual será sua participação na chapa e, no caso de vitória, como contribuir, já que você estará ocupada com a carreira de atleta? Jackie - Com o nome que tenho hoje a campanha ganha força. O nome Jacqueline, medalha de ouro nos Jogos de Atlanta, vai empurrar a campanha positivamente. E caso a nossa chapa saia vencedora, irei passar algumas idéias úteis para a melhoria do vôlei no Rio de Janeiro. Mas, com certeza, continuarei dando ênfase a minha carreira. Não vou ser aquele tipo de dirigente de comparecer diariamente à Federação. Folha - Quais suas principais idéias para o vôlei do Rio? Jackie - O Rio de Janeiro foi a capital do vôlei há 10 anos. Hoje perdemos totalmente a hegemonia. Quem manda no vôlei, atualmente, é São Paulo. Temos que reanimar o vôlei no Estado, para voltarmos a um lugar de destaque. Folha - Como fazer isso? Jackie - Fazendo um trabalho de renovação. Precisamos fazer um bom trabalho de base para revelar bons atletas. Principalmente para a praia, que precisa ter como escola o vôlei de quadra. Folha - É essencial para o jogador da praia a experiência de ter atuado no vôlei convencional? Jackie - Acho que sim. É na quadra que você aprimora a técnica e a habilidade. É possível formar jogador na praia, mas o atleta que já jogou em quadra encontra muito mais facilidade. Tanto é, que todas as jogadoras que participam do circuito brasileiro de vôlei de praia vieram da quadra. Folha - Qual a principal alteração que você percebeu no vôlei de praia feminino quando deixou os EUA para voltar ao Brasil? Jackie - A minha presença fez o jogo ficar mais veloz. Quando cheguei em 94, as partidas eram muito lentas, cadenciadas. Como eu já tinha jogado nos EUA, onde o vôlei de praia é muito rápido, as duplas começaram a se adaptar e deixar os jogos mais disputados. Com isso, o nível técnico das duplas femininas disparou. Folha - Quais as razões de o vôlei de praia ter crescido tanto em um ano? Jackie - Os resultados. Isso fez com que os patrocínios fossem atraídos, a televisão começasse a se interessar pelos torneios e o público continuou dando apoio. Folha - Você gosta de jogar com a arena cheia? Jackie - O que me irrita é aquelas pessoas batucando, fazendo barulho. Isso atrapalha as jogadoras. Eu acho que o público tem que incentivar, aplaudir, admirar uma bela jogada, mas não ficar tocando corneta e batendo bumbo na minha orelha. Folha - No começo de sua carreira, há mais de 15 anos, você era conhecida como uma jogadora polêmica. Isso mudou? Jackie - No Brasil é assim: depois que você começa a vencer, você vira moderno, excêntrico. Sua imagem sempre fica associada a alguma coisa boa. Com isso, fica apagada a imagem de polêmica e de brigona. Folha - Você se arrepende de alguma coisa que fez antes de sair do Brasil? Jackie - Sim. Me arrependo de ter criticado pouco. Acho que deveria ter falado mais. Texto Anterior: Formado time dos EUA na Davis Próximo Texto: Raio-X Índice |
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