São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Brasil reclama da falta de informação

CLÁUDIA TREVISAN

da enviada especial
A dificuldade em conseguir informações oficiais sobre as negociações entre o governo peruano e os guerrilheiros é o principal problema enfrentado pelos representantes dos países que têm embaixadores entre os reféns que estão na residência do embaixador do Japão em Lima, no Peru.
"Nós queremos ter mais informação, de preferência informação oficial, o que até agora não tivemos", disse à Folha Adolpho Benevides, enviado do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O Brasil estava acompanhando de forma especial a ação do Movimento Revolucionário Tupac Amaru pelo fato de o embaixador do país no Peru, Carlos Luiz Coutinho Perez, ter sido mantido como refém de terça-feira até ontem.
Segundo Benevides, os países que têm embaixadores entre os reféns querem saber como o governo peruano pretende lidar com a situação e conduzir negociações.
Ontem, ele teve uma reunião com o vice-ministro das Relações Exteriores do Peru, Voto Bernardes, da qual participaram todos os países latino-americanos que têm diplomatas entre os sequestrados.
Às 16h30 (19h30 em Brasília), o embaixador também participaria de um encontro com o chanceler do Japão, Yukihido Ikeda.
Antes dessa reunião, Benevides disse à Folha que ela seria importante por duas razões: o Japão é o país responsável pelo local onde estão os sequestrados, e seu chanceler era o único que havia se encontrado pessoalmente com o presidente Alberto Fujimori. Os países latino-americanos formaram bloco para manter contato com os governos peruano e japonês.
Benevides disse que o governo peruano garantiu que não adotará nenhuma medida violenta que ponha em risco a segurança dos sequestrados, como invadir a casa do embaixador do Japão.
Segundo ele, qualquer medida levaria em conta a incolumidade física dos reféns.
Amigo pessoal
Benevides tinha preocupação emocional com a crise. Ele é colega de turma e, há muitos anos, amigo pessoal de Perez, que foi libertado ontem com outras 37 pessoas.
O enviado do presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a Lima às 20h30 de quarta-feira, um dia depois do início da crise.
Ele mantém contatos telefônicos frequentes com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, que os transmite ao presidente da República.
Até a noite de ontem, a Embaixada do Brasil em Lima contava com plantão permanente para acompanhar o andamento da crise.

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