São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996 |
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Guru busca evitar mortes
MARCELO DIEGO
(MaD) * Folha - Por que o apelido? João Carlos Sobrinho (Fera) - É que eu sempre chamei os outros de fera. Eu sempre acredito no potencial das pessoas, e fera é aquele que faz o melhor, para ser o melhor. Folha - Por que você decidiu abria a escola? Fera - Vi colegas de infância morrendo em tiroteios com gangues de delinquentes ou com a polícia. Vi pais apavorados e o bairro sem auto-estima. As pessoas não tinham emprego, eram vítimas do preconceito. Quis dar uma nova perspectiva para as crianças. Folha - Você foi criado em Titanzinho? Fera - Nasci em Fortaleza e sempre surfei aqui no mar de Mucuripe. Folha - Como é lidar com a psicologia das crianças? Fera - Isso é difícil. Aqui é um centro de prostituição, próximo ao porto. Tem muita criança que é filho de pescador, que o pai é um pouco rude. Tenho que conversar bastante com elas. Tem algumas que vão a minha casa e contam que a mãe está bebendo. Ou pedem para ficar lá porque não têm o que comer. Folha - O surfe é opção de vida ou subterfúgio? Fera - Uma opção. Elas não podem deixar a escola, fogem da criminalidade. Além disso, mostro que há surfistas que saíram da mesma situação e hoje estão viajando o mundo todo. Folha - O que ainda falta? Fera - Titanzinho é um dos melhores surfódromos do mundo. Tem pico de onda. Mas está muito afetado pela poluição. Na ponta da praia tem um córrego com esgoto a céu aberto. E a sujeira não é culpa da população, mas do governo. Além disso, precisamos de uma assistente social. Alguém para vir aqui e ouvir esses meninos e meninas. Texto Anterior: CE ensaia reurbanização Próximo Texto: Fortaleza forma geração de bons talentos Índice |
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