São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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Criatividade é a receita para equipar o carro

DA REDAÇÃO

Frequentadores da zona norte e leste de São Paulo se divertem com carros mais simples do que os importados da zona sul.
Nesses lugares, o que vale é a criatividade. Os amigos Flávio Cavichio, 18, e Jorge Aparecido de Souza, 20, têm um Fusca 64 e 63, respectivamente. Eles mantêm o visual original dos carros, mas não deixam de incrementá-los para ir à praça Silvio Romero (zona leste).
Além dos pneus de Omega, colocaram película escura nos vidros, adesivos na lataria e até uma meia-calça de náilon no vidro dos faróis. "É para parecer fumê", afirma Cavichio.
A poucos metros, Fernando Lopes Rodrigues, 21, e o primo Marcelo Britos, 21, paravam seus carros em fila dupla. Eles cometeram ainda outras infrações: película nos vidros e buzina marítima. "É para deixar o carro esportivo", diz Britos, dono de uma picape Corsa.
Com o mesmo objetivo, mas na zona norte, César Torchi, 28, faz de tudo para tornar o carro diferente. Lanterna fumê, adesivos e até mesmo bichos de pelúcia no tampo do porta-malas. "Meus amigos gostam", afirma Torchi, dono de um "GM" (Gol 1.000).
Ao contrário dessas regiões, os frequentadores da zona sul adotam a linha "clean".
Os carros são, normalmente, escuros, sem adesivos ou um som potente. É um carro para "andar". Mas o que vale mesmo é a marca.
Rogério Delle Sedie, 22, tem um Audi A4 para sair à noite. Durante o dia, costumava usar um Corsa. "A seguradora decretou 'PT' (perda total) na semana passada."
Sedie diz frequentar os "points" da moda e praticar esportes radicais. "Vou ao B.A.S.E., no Limonne e gosto de rafting."
Em um Mazda MX-3 preto, Ana Polydoro, 23, circulava pelo Itaim. O carro era pilotado pelo amigo Felipe Andreas, 20. Ambos estão insatisfeitos com seus carros.
Ela quer trocar logo seu Escort Hobby roxo. "Quero qualquer um que ande mais, desde que tenha uma cor diferente." Ele, por sua vez, reclama que buracos das ruas de São Paulo prejudicam o desempenho de seu esportivo japonês.

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