São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
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Em 'dia bom', perua vende 200 sanduíches

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um "dia bom", um "dogueiro" motorizado vende entre 150 e 200 cachorros-quentes.
Segundo eles, o segredo é ter um ponto bom e vender com qualidade. "Ponto quem faz é a qualidade e o preço justo. A pessoa pode ter um ponto muito bom, mas quem não tem qualidade e limpeza não consegue ganhar dinheiro", diz Antonio Carlos Castellan, 35, "dogueiro" há cinco meses.
A maioria dos vendedores prefere não dizer quanto fatura, mas afirma que a taxa de lucro gira em torno de 100%. O preço "tabelado" é R$ 1.
"Ganho cerca de R$ 250 por semana, já descontados os gastos. E isso porque o meu ponto é fraco. Antes, como manobrista, ganhava R$ 300 por mês. Não tem nem comparação", diz Aparecido Santana da Silva, 23, "dogueiro" há cinco meses.
"Não posso dizer quanto ganho, mas tiro mais que no meu trabalho anterior", diz Marcelo Magalhães, ex-funcionário do departamento de compras de uma metalúrgica, há dois meses no ramo.
Extorsão
Por trabalharem ilegalmente e estarem sujeitos a multas e apreensões, muitos vendedores de cachorro-quente acusam os fiscais da prefeitura de praticar extorsão.
Eles dizem que pagam de R$ 5 a R$ 100 para que os fiscais deixem de multar e apreender os veículos.
"O fiscal passa às quintas, até as 11 horas, e cobra R$ 30 para não me multar", conta um ambulante.
"O fiscal chega e diz: 'Tem um dinheirinho aí para me dar hoje?"', diz outro.
A multa para ambulantes não-licenciados é de R$ 84,32, e de R$ 126,48 no caso de reincidência.
Quase todos os vendedores móveis de cachorro-quente não têm o TPU (Termo de Permissão de Uso), dado pela prefeitura.
Durante a gestão Maluf, praticamente não foram emitidas nem renovadas licenças para ambulantes.
A Secretaria das Administrações Regionais justifica o fato afirmando que já há excesso de vendedores ambulantes na cidade.
(AOA)

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