São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
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Fujimori faz primeira declaração

DA ENVIADA ESPECIAL

O presidente do Peru, Alberto Fujimori, não aceita imposições por parte da guerrilha para que sejam libertados os reféns que estão na casa do embaixador do Japão.
Em seu primeiro pronunciamento desde o início da crise, um dia antes da libertação de um grupo de 225 pessoas na noite de ontem, Fujimori propôs que os membros do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru), que estão com os reféns, deponham as armas diante de uma comissão que teria o papel de garantir sua segurança.
"Dessa maneira, também estará descartada a possibilidade de uso de força por parte do Estado peruano", afirmou. O presidente disse que, depois da rendição dos integrantes do MRTA, estaria disposto a estudar uma saída para a situação dos guerrilheiros.
Segundo Fujimori, é "inaceitável" a principal reivindicação do MRTA, de libertação de seus membros que estão presos.
"A libertação de quem praticou assassinatos e atos terroristas é inaceitável nos termos das leis peruanas vigentes e por critérios de segurança nacional."
Desde o sequestro, na terça-feira, Fujimori mantinha silêncio absoluto sobre as reivindicações dos guerrilheiros. O pronunciamento foi feito em cadeia nacional de rádio e televisão às 22h42 de sábado (01h42, horário de Brasília).
Fujimori deixou claro que considera inviável a negociação de um acordo de paz enquanto os reféns estiverem em poder da guerrilha.
"Meu governo não está disposto a aceitar que a força e a violação de um comando terrorista possa se impor sobre 23 milhões de pessoas, que rechaçam esses métodos, que não são nem civilizados nem políticos." Fujimori também acusou o MRTA de promover a "destruição e a morte" no Peru.
Antes do pronunciamento, o presidente se reuniu longamente com os integrantes do Conselho de Ministros de seu governo.
Cerca de 2.000 pessoas realizaram ontem uma marcha para pedir a libertação dos reféns e um acordo de paz no Peru.
A marcha saiu do bairro do Miraflores e foi até a residência do embaixador do Japão, onde estão os sequestrados. Os manifestantes puderam passar pelo bloqueio policial que cerca a área e chegaram até bem próximo da casa.
"Após dez anos de guerra interna, nós não queremos que voltem os temores", disse a socióloga Else Guerreiro, que participou do ato.

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