São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996 |
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Belém comemora o Natal em três datas
FREDERICO VASCONCELOS
No Natal, onde quer que os cristãos estejam, há quase dois mil anos voltam-se para Belém, lugar do nascimento de Jesus. Chegar lá, contudo, não é caminhada fácil. Mas nada tem sido simples nessa terra de diversos povos obstinados e cujo chão, sagrado, ora é compartilhado, ora é disputado por religiões. Em Israel, a terra prometida, estão as raízes de culturas antigas e vestígios da ocupação helênica, romana, bizantina e otomana. Para a maior parte das pessoas em Israel, o dia de Natal é um dia comum. Não há lâmpadas nem árvores de Natal. Em Belém, comemora-se o Natal em três ocasiões. Os católicos celebram o Natal nos dias 24 e 25 de dezembro. As igrejas ortodoxas, em 6 de janeiro. Os armênios, em 17 e 18 de janeiro. Belém é centro de peregrinação cristã, mas foi administrada por israelenses, jordanianos, turcos, mamelucos, árabes, cruzados, bizantinos e romanos. Neste Natal, há o agravamento das tensões entre israelenses e palestinos, depois dos acordos de paz que devolveram à Autoridade Palestina o controle da Cisjordânia, região onde está localizada Belém. Embora paz seja a palavra mais repetida no país, turistas recebem recomendações de cautela que desestimulam visitas a Hebron, Ramallah, Gaza, Belém e Jericó. Belém fica a cerca de dez quilômetros de Jerusalém, ponto de concentração de 98% dos turistas que visitam Israel (apenas 25% deles são peregrinos). Chega-se a Belém pela rodovia que vai a Hebron, área de conflitos. Mas a fé remove montanhas e riscos não demovem peregrinos. Brasileiros costumam ser bem recebidos pelos árabes, mas alguns cuidados mínimos -e óbvios- são recomendados: na região, não é aconselhável dirigir carro com placa de Israel. Caminhar de Jerusalém a Belém, uma tradição dos peregrinos, é arriscado. O visitante deve viajar em ônibus turísticos. Texto Anterior: Muro é o que sobrou do templo de Herodes; Muçulmanos tomaram Jerusalém duas vezes; Aranha dirigiu reunião da partilha em 1947; Legião Árabe destruiu o bairro Judeu em 48; Bairro parece o Leste Europeu do século 19 Próximo Texto: No dia 25, só católico entra Índice |
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