São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 1996
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Argentino defende 35% para carros do Nordeste

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

As montadoras argentinas querem que os carros fabricados no Nordeste brasileiro paguem alíquota de importação como se não pertencessem ao Mercosul.
Os veículos das futuras montadoras nordestinas pagariam uma taxa alfandegária de 35% para entrar nos mercados da Argentina, Paraguai e Uruguai.
O comércio de automóveis entre os quatro países fundadores do bloco econômico Mercosul acontece hoje em dia sem cobrança de impostos alfandegários.
A proposta foi feita por Horacio Lofoviz, dirigente da Adefa (Associação de Fábricas de Automotores), ontem, na reunião de duas horas que teve com membros do ministério da Economia.
Irritação
"Os automóveis do Nordeste devem ser considerados estrangeiros dentro do Mercosul", afirmou Lofoviz. Ele admitiu que esse proposta foi pessoal, já que até ontem os presidentes das montadoras argentinas não puderam se reunir.
"Parece que o governo brasileiro tomou essa medida próxima ao Natal justamente para impedir uma resposta rápida da Argentina. Afinal, quase todos já viajaram por causa das festas", disse Lofoviz, demonstrando irritação.
Pelo lado do governo não houve contraproposta. "Nós estamos aceitando sugestões, avaliando a situação e incorporando tudo para formar a proposta argentina a ser apresentada ao Brasil", disse Héctor Gambarotta, subsecretário de Indústria.
Montadoras e governo manterão contato durante os próximos dias e, na semana próxima, serão finalizadas as discussões.
Reunião em janeiro
No início de janeiro, os secretários de Indústria dos dois países, Francisco Dornelles e Alieto Guadagni, se reunirão para estudar uma compensação para as fábricas argentinas pelos incentivos fiscais proporcionados para as montadoras no Nordeste.
O governo argentino não pretende fazer um protesto formal pela medida unilateral do Brasil, o que só poderá acontecer se o encontro com Dornelles não for produtivo.
A Chancelaria, o Ministério da Economia e a secretária de Indústria vão unificar seus discursos para que não surjam diferenças nos dias que antecedem à reunião.
O governo argentino recebeu com "desgosto" a medida provisória do presidente Fernando Herinque Cardoso, mas evita o atrito direto para não prejudicar a tática do dirigente brasileiro para aprovar no Congresso a reeleição.

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