São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 1996
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Guerra de pneus agita a F-1 em 97

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Duelo anunciado, a F-1 se prepara para uma guerra de pneus em 97. E, se os prognósticos sobreviverem até a abertura do Mundial, em março, a categoria pode ter a temporada que há anos deve.
Desta vez, a vencedora das pistas, a americana Goodyear, se debate com um velho adversário: a japonesa Bridgestone, que comprou a Firestone, outra gigante dos EUA, rival da Goodyear nos anos românticos da categoria.
E que revitalizou a marca, provocando estrago na Indy, inclusive equipando o campeão.
Na F-1, a Firestone venceu todas as edições das 500 Milhas de Indianápolis entre 1950 e 60, quando a mais tradicional corrida do mundo admitia os carros da categoria.
Na Europa, a briga era boa. Envolvia fabricantes como Pirelli, Dunlop, Continental e Englebert. A Goodyear só chegaria em 64.
Com ela, veio a Firestone, que acabou perdendo o bonde no início dos 70, quando tentou introduzir o pneu de perfil baixo.
Enquanto isso, a Goodyear inovava, forçando a adoção do pneu slick, liso, que vinha sendo usado em Indianápolis. O domínio iria para o espaço com a chegada da Michelin e e retorno da Pirelli no final dos 70, início dos 80.
A bossa da época, o pneu radial, é hoje equipamento comum em veículos de passeio. Mas, em 83, fez carros menos potentes abrirem absurdos sete segundos de vantagem em quem calçava o convencional Goodyear em Detroit.
Esse período foi o mais belicoso da indústria de pneus no esporte. Novos compostos eram testados a cada corrida, tornando os treinos verdadeiras disputas suicidas.
Para analistas, teria sido essa a principal causa da morte do canadense Gilles Villeneuve, em 82.
Desde 93, a Goodyear "monopoliza" a F-1, fornecendo para todos os times, escrita que a Bridgestone promete, agora, encerrar.
Colhendo sucessos nos EUA com a Firestone, a Bridgestone passou o ano estudando a F-1.
O trabalho beirou à espionagem, com técnicos visitando pistas após cada GP, colhendo amostras de borracha deixadas no asfalto.
Há duas semanas, sob chuva, Pedro Paulo Diniz, com um Arrows-96, foi um segundo e meio mais rápido que o Benetton de Gerhard Berger, carro notadamente mais potente.

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