São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 1996
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Record compra Civilização Brasileira

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Líder dos títulos de livros em catálogo no país, a Record consolidou sua posição no mercado editorial com a compra, na sexta-feira passada, por cerca de US$ 3 milhões, do controle acionário da BCD União de Editoras S/A.
Com 3.000 títulos de autores, dentre eles dez prêmios Nobel de literatura, como Albert Camus e Gabriel García Márquez, a Record engordou seu catálogo de livros com 1.200 títulos do acervo da BCD.
União das editoras Bertrand Brasil, Civilização Brasileira e Difel, a BCD conta também com autores importantes, como os Nobel Pablo Neruda e Ernest Hemingway e Isabel Allende, Jorge Luis Borges e Carlos Heitor Cony.
"A gente sabe que há muito tesouro enterrado na Civilização Brasileira, como a melhor tradução de 'O Capital' (de Karl Marx)", disse um sorridente presidente da Record, Sérgio Machado, 48.
Machado revelou que as conversações para a aquisição da BCD levaram três meses. Desde 1995, quando venderam a Bertrand Portugal, os donos da BCD (a Editorial Ibero-americana e a Financeira Aurora) sinalizaram que queriam sair do ramo.
Com um faturamento em 1996 da ordem de R$ 28 milhões, a Record assumiu o controle de uma empresa que, neste ano, vai faturar R$ 4,5 milhões. Com a união, o novo grupo espera faturar R$ 35 milhões em 1997.
Machado afirmou que, inicialmente, não há qualquer projeto para fundir as duas empresas em uma só unidade editorial. Elas continuarão com seus programas editoriais próprios.
"São unidades de negócios. Cada editora terá seu perfil próprio. Até podem eventualmente competir entre si", afirmou Machado.
Monumento
Definindo a editora Civilização Brasileira como "quase um monumento" da história editorial do país, Machado disse que talvez seja o selo que pretende explorar mais.
Fundada por Enio Silveira, a Civilização Brasileira se caracterizou por ser uma editora voltada para autores brasileiros e para a publicação de ensaios, textos mais teóricos, que estimulam a reflexão.
A idéia de Machado é aprofundar esse perfil. "Vai ser a nossa marca de griffe", disse. Por problemas financeiros, a Civilização Brasileira havia sido comprada pelo grupo da Bertrand Brasil em 1983.
"Ela estava em situação falimentar, com dívidas com o fisco, credores. Nós gastamos por volta de US$ 1 milhão para limpar a empresa. Em 1989 ela estava saneada", disse o diretor da BCD, José Salomão, 51, que continuará no cargo.
Machado afirmou que, além de "um catálogo que é um patrimônio", pesou na decisão de comprar a BCD a organização administrativa e a lucratividade da empresa.
Apesar do aperto financeiro enfrentado por muitas editoras -e que, segundo Machado, desembocará em novas fusões-, o presidente da Record aposta no aumento do consumo de livros no Brasil.
"Estou bastante otimista com o futuro do livro no país", afirmou. Segundo ele, em um país que pretende entrar na era da globalização, a educação -ou seja, a leitura de livros- terá papel preponderante.
Por enquanto, o crescimento do faturamento do mercado tem sido pequeno. Em 1995, o faturamento do setor foi de US$ 1,9 bilhão. Este ano, deverá ficar em cerca de US$ 2 bilhões.

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