São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996
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"Fantasma" de PC Farias ainda agita a vida de Maceió

Justiça pode reabrir inquérito do assassinato de empresário

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O Ministério Público de Alagoas pediu à Justiça a reabertura do caso do assassinato da praia de Guaxuma, o jornal "Tribuna de Alagoas" atormenta a vida da família Collor, os herdeiros vivem sob o medo de um sequestro e o pai-de-santo dos Farias recorreu à Justiça do Trabalho.
É o "fantasma" do empresário Paulo César Farias, o PC, que continua agitando a vida de Maceió, depois de seis meses da sua morte enigmática. Ele teria sido assassinado pela namorada Suzana Marcolino, 28, que cometera suicídio instantes depois.
Teria é o verbo correto para o caso, segundo a promotora Faildes Mendonça, responsável por um pedido, feito na semana passada, para a reabertura das investigações do crime ocorrido na madrugada do dia 23 de junho.
Cabe agora à Justiça alagoana decidir, nos primeiros dias do ano novo, sobre o destino das apurações. O Ministério Público quer a nomeação de uma equipe de peritos, incluindo o polêmico professor George Sanguinetti, para elaborar novo laudo sobre as mortes.
Até a recente manifestação da promotora, a quem cabia opinar sobre o episódio, prevaleceu a versão oficial da Polícia Civil de Alagoas -referendada pelo legista Badan Palhares, da Universidade Estadual de Campinas.
Os mortos e os vivos
Enquanto prevalece o mistério sobre o caso dos mortos, os vivos não escapam do peso ou da fama herdados pelas ligações com PC.
Cláudia Dantas, por exemplo, a outra namorada do empresário, descobriu a "vocação" de atriz e modelo após morte do empresário. Não pára de receber convites.
Já os filhos de PC, Paulo, 15, e Ingrid, 16, viram aumentar o medo de sequestro e continuam cercados por seguranças.
A família decidiu mudá-los de endereço: irão trocar o casarão onde morava o pai por um apartamento, também em Maceió.
Com a morte do ex-tesoureiro de Collor, também sobraram problemas de ordem trabalhista para a família resolver.
O paisagista e decorador Gilson dos Santos, 45, que acumulava ainda a função de pai-de-santo sempre consultado por PC e Elma, foi demitido após a morte do patrão. Agora briga na Justiça do Trabalho por uma indenização de pelo menos R$ 6 mil.
"Depois do caso, eu falei que o assassino podia até estar entre nós, as pessoas que rodeavam o doutor Paulo César", contou Santos à Folha, na sua casa e terreiro de umbanda, na periferia de Maceió. "Acho que a família não gostou da desconfiança e me demitiu".
Desmonte
Segundo os Farias, depois da morte de PC, houve um desmonte natural na estrutura de funcionários do casarão. Por esse motivo, Santos foi afastado, depois de nove anos de trabalho.
O desmonte na famosa casa da Mangabeira, ícone da República de Alagoas que atraía políticos e empresários de todo o país, não atingiu as pessoas que tiveram os seus nomes associados à madrugada do crime da praia de Guaxuma.
É o caso, por exemplo, de Reinaldo Lima Filho, segurança de PC Farias, o primeiro que teria entrado na casa e visto os corpos ensaguentados do patrão e de Suzana.
Ele mantém a versão que foi confirmada pela polícia de Alagoas e pelo legista Badan Palhares.

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