São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996
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Febre da Internet afeta 1 milhão no país

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando se falar em 1996, este vai ser lembrado como o ano em que caímos na rede. Não uma rede qualquer: na Internet. A rede mundial de computadores virou febre também no Brasil, e fecha o ano com 1 milhão de usuários, segundo a Embratel, que coordena boa parte de suas operações aqui.
Com um aumento de quase dez vezes no número de usuários, a Internet cresceu, no Brasil, mais do que em qualquer outro lugar do mundo neste ano.
Os provedores de acesso (empresas que têm os servidores -computadores aos quais o usuário comum liga o seu para entrar na rede) passaram de 50 em janeiro para 800 neste final de ano -60% deles concentrados em São Paulo. Os domínios (endereços do sistema) brasileiros aumentaram de 1.000 para 12.000 no mesmo período.
Quando 1996 começou, 110.000 brasileiros usavam seus computadores para "navegar", um dos novos verbos incorporados ao cotidiano pela Internet.
Desse total, 70.000 estavam na comunidade acadêmica -foram professores, estudantes e pesquisadores que chegaram antes, como também aconteceu no resto do mundo, pois a Internet nasceu dentro das universidades.
Dentro da comunidade acadêmica, o número cresceu pouco. A explosão da Internet aconteceu porque a rede passou a atrair advogados, médicos, dentistas, publicitários e jornalistas, além de empresários e executivos, para quem fazer de pesquisas a amigos e compras ficou mais fácil.
"Até quem tinha resistência a computadores está encontrando motivação para entrar na Internet", diz Antônio Tavares, presidente da Abranet, a associação dos provedores de acesso.
Compras online
O crescimento do mercado de usuários, ou internautas, já faz surgir produtos como revistas especializadas.
A maior delas, "Internet World", fecha o ano com 100.000 exemplares mensais de tiragem. No mês passado, a revista fez uma pesquisa entre seus leitores e descobriu que pouco mais de 60% deles já entram na rede. O restante espera começar a fazer isso em breve -o que significa que, em 1997, a explosão deve continuar.
A cadeia de supermercados Pão de Açúcar, uma das pioneiras nas vendas pela Internet, é um exemplo de como o uso da rede pode crescer, e muito. Em julho deste ano, o Pão de Açúcar inaugurou as vendas online. Neste mês, elas já representam 8% do faturamento do sistema de entregas, batizado de Delivery.
Se é boa para a empresa, a novidade é melhor ainda para os clientes. A economista Colette Abud, 29, casada, gerente de uma loja e "sem tempo para nada", descobriu as compras online há sete meses. "Nunca mais coloquei os pés no supermercado", diz ela. "Sobra mais tempo, agora, para fazer coisas mais interessantes."

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