São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996
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Parlamentares rejeitam libertar presos

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

A maioria dos parlamentares peruanos rejeita a exigência do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) de libertação de seus seguidores que se encontram presos em todo o país.
"O presidente se encontra legalmente impedido de libertar pessoas que foram sentenciadas pelo Judiciário", disse à Folha o deputado Harold Forsyth, do Partido União pelo Peru.
Forsyth pertence ao mesmo grupo político do embaixador Javier Pérez de Cuellar, que faz oposição ao presidente Alberto Fujimori.
Segundo Forsyth, a grande maioria dos congressistas apóia a decisão de Fujimori de não libertar os guerrilheiros.
Em sua opinião, o atendimento a essa reivindicação colocaria em risco o estado de direito e abrirá um precedente para atuação de outros grupos guerrilheiros.
O parlamentar Rafael Rey Rey tem uma posição semelhante à de Forsyth. Rey integra o grupo Renovação, alinhado a Fujimori. Para ele, o governo não deve ceder em nenhuma hipótese ao MRTA.
A tomada da casa do embaixador do Japão no Peru, na terça-feira da semana passada, por um grupo de até 25 guerrilheiros foi um duro golpe para os peruanos.
No momento, são 140 os reféns mantidos pelo MRTA. A última liberação foi na noite de domingo passado, quando 225 reféns deixaram a casa do embaixador japonês.
Depois de anos de guerra interna entre guerrilheiros e o governo, o país parecia ter alcançado a pacificação, há cerca de quatro anos.
Grande parte dos peruanos atribui o relativo sucesso dos guerrilheiros ao excesso de confiança do governo. "O êxito da pacificação foi tão grande que o Estado 'dormiu' em suas conquistas", afirmou o deputado Forsyth.
Não há dúvida de que o ataque à casa do embaixador do Japão pegou os peruanos de surpresa.
Forsyth e Rey evitam fazer qualquer avaliação sobre o efeito da ação dos guerrilheiros sobre o governo de Fujimori. Segundo eles, tudo vai depender do desfecho que a crise terá.
Rey, aliado do governo, parece apoiar incondicionalmente Fujimori em qualquer atitude que velha a tomar. "Não é o momento de criticar", disse à Folha.
Integrante da União pelo Peru, Forsyth afirmou que estará de acordo com o governo se não forem adotadas medidas de forças, que coloquem em risco a vida dos reféns e dos guerrilheiros.
Na opinião do parlamentar, a ação do MRTA é um movimento relativamente isolado, que não coloca em risco a estabilidade do regime peruano.
Forsyth acredita que ainda haverá um longo processo de negociação antes que se encontre uma solução para a crise. Mas ele não se arrisca a prever uma data final.
"É impossível."

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