São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 1996
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Covas e o mau humor

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Mário Covas está em escalada de publicidade. Começou na campanha, com os comerciais paralelos à propaganda tucana. Seguiu nos comerciais, mas acentuados agora com o balanço de dois anos.
Um comercial em especial, de realização mais cuidada, traz um governo respondendo às críticas que sabe que recebe, como "tá na hora deste governo começar a trabalhar" ou "este governo só pensa no Banespa". (Por governo, entenda-se sempre governador.)
Com belas imagens e sem temer as críticas expressas na voz de cidadãos comuns- garante estar trabalhando, sim. O "governo que faz direito" tirou as estatais do vermelho, construiu 32 mil casas etc.
Podem ser números questionáveis, como sempre são, mas a imagem não é mais aquela do dinossauro "estatizante" e de "mau humor", críticas também mencionadas ontem.
Covas pode seguir o mesmo estatizante mau-humorado, o que for, mas vai mostrando que aprendeu, com a derrota para Paulo Maluf. Deu início, à imagem do prefeito, à sua própria nova imagem pública.
Para tanto, como Maluf, não se limita aos comerciais. Ontem deu entrevista ao SBT, anteontem à CNT. Um novo Covas, do sorriso ao terno.
*
Não está fácil para a CNN tornar o arrastado sequestro de Lima em novela, como é regra na TV americana. No Peru, pouco acontece. Explode bomba, como ontem, mas é por acaso e não deixa vítima.
O mais que a rede conseguiu foi identificar o episódio como uma alegoria social. Na telenovela de O.J. Simpson, o julgamento expressava o conflito racial nos EUA. Na telenovela peruana, os guerrilheiros expressam a insurreição dos miseráveis na América Latina.
O capítulo de ontem contou com um bispo latino-americano rezando missa e ouvindo confissões na embaixada, e pedindo compreensão -sem crítica à guerrilha, em tempos de papa simpático a Cuba.

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