São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 1996
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Ali-Frazier 4

EDUARDO OHATA
JOE FRAZIER AINDA ODEIA MUHAMMAD ALI.

Não importa que o primeiro capítulo da trilogia Muhammad Ali-Joe Frazier tenha completado 25 anos em 1996.
Nem que a última de suas lutas tenha acontecido há mais de 20 anos. Joe Frazier ainda é um prisioneiro do passado.
Frazier achou uma injustiça Ali ter sido escolhido para acender a pira olímpica em Atlanta. O ex-campeão dos pesados confessou que chegou a desejar que Ali caísse do pódio. "Se pudesse, eu mesmo teria empurrado."
Recentemente, "Smoking" Joe disse que gostaria de enfrentar Ali mais uma vez. "Agora que sofre da doença de Parkinson, seria uma boa oportunidade para fazê-lo em pedacinhos."
Em 1967, Ali pagou um alto preço por se recusar a servir na guerra do Vietnã: teve o seu título cassado. O campeão denunciava a existência de racismo no serviço de seleção militar. Defendendo seus "irmãos negros", ganhou também a simpatia de brancos.
Frazier sucedeu Ali, que apelidou-o de "campeão dos brancos", no trono dos pesados.
Foi o bastante para que Joe se tornasse alvo de críticas e até de ameaças por parte da grande e então ativa comunidade negra.
No ringue, a intensa rivalidade entre Frazier e Ali produziu três das melhores lutas de boxe de todos os tempos. Duas vitórias de Ali, uma de Frazier.
Após o último confronto, Ali se desculpou por tudo o que havia dito sobre Frazier. Esforço inútil. Joe passou a atacar publicamente o rival, piorando o seu problema de imagem.
As atitudes contrastantes que ambos adotaram após a aposentadoria também não ajudaram Frazier.
Joe dedica seu tempo aos negócios. Ali, mesmo com a saúde debilitada, faz questão de percorrer o mundo participando de "missões humanitárias".
O melhor que Frazier tem a fazer, agora, é relaxar. E lembrar que a luta terminou.

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