São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 1996
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Céu de Sarajevo

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

As balas iluminadas, cruzando a noite no tiroteio entre os morros do Alemão e do Adeus, ficam como a imagem do Natal de 1996, no Rio e no Brasil.
As árvores com as pequenas luzes chinesas pouco impressionam, perto do que era descrito ontem como "Céu de Sarajevo no Rio".
Os morros em guerra comemoram atirando sem alvo, um contra o outro, por farra. As imagens, gravadas na véspera do Natal, estão sendo mostradas seguidamente pelo SBT, ao lado de cenas semelhantes, da guerra na Bósnia.
Uma moradora ouvida ontem previa assustada:
- Se no Natal, que é uma festa religiosa, teve isto, imagina no Ano Novo.
Uma festa de luzes.
*
Antes mesmo de fechar o ano, FHC e seu publicitário, Sérgio Amaral, podem arrolar os primeiros sucessos no estabelecimento de uma imagem "social" para o presidente candidato.
O cardeal de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, já se convenceu. No depoimento sobre as suas perspectivas para 97, na CBN:
- Eu espero que, não só a reforma agrária, mas também todas as outras iniciativas em favor dos menos favorecidos sejam agora colocadas em ação e nós tenhamos um ano de justiça social.
Falava de FHC. Entrevista com o mesmo d. Paulo, ontem no SBT:
- O senhor acredita que o governo Fernando Henrique possa atender às expectativas daqueles que, como o senhor, defendem soluções urgentes aos problemas sociais?
- Eu acredito que ele pode. Eu acredito que ele vai fazer. Eu acredito até que vai fazer no próximo ano. Que cumpra esta sua grande missão.
*
Foi na Globo que começou o confronto entre a cúpula malufista e os vereadores em torno das administrações regionais. Foi Reynaldo de Barros, o secretário que fala antes do prefeito, quem partiu para o ataque, no SPTV.
Ontem, no mesmo SPTV, o confronto foi encerrado em tom de "pizza", como tantas vezes no TJ de Boris Casoy. Do apresentador da Globo:
- E a CPI aprovada para investigar denúncias de superfaturamento na construção do túnel Ayrton Senna deu em nada...
O prefeito eleito, Celso Pitta, buscou explicar:
- Houve compreensão por parte do legislativo, de que seria um trabalho desnecessário, porque já tinha sido feito em outra oportunidade.
Foi referência ao tribunal de contas, aquele mesmo, tão mencionado na campanha do mesmo Celso Pitta.

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