São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996 |
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'Faz muitos anos que não chega água'
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOLEDADE (PB) Para conseguir um pouco de água dos trens que abastecem o município de Soledade, a aposentada Josefa Messias de Gouveia, 73, precisa acordar de madrugada para enfrentar a fila.Sempre uma das primeiras a chegar ao local de distribuição, Josefa deixa suas quatro latas na noite anterior. Depois, apesar da idade, faz quatro viagens até sua casa, levando cada lata de 5 litros na cabeça. "Todo ano é esse sofrimento, por causa da seca. Faz muitos anos que não chega água nas torneiras da minha casa", diz ela. "O sofrimento é eterno para os pobres." Aperto Já o desempregado José Egilmar Gomes de Melo, 25, diz que teve de beber a água podre e esverdeada do açude dos Negrinhos, que também fica em Soledade. "No aperto e com muita sede, a gente bebe", diz Melo. Segundo ele, muita gente já consumiu a água em mau estado do açude e outras continuam bebendo a que ainda resta. Melo afirma que a água distribuída pelo trem não é suficiente para todas as pessoas. Daí, a alternativa é comprar por meio de outras fontes -o que nem todo mundo pode fazer. "Tenho vizinhos que bebem (a água do açude dos Negrinhos), porque não têm condições de comprar", diz Melo. Ele vende a água do açude, mas diz que quem a compra não o faz para consumo próprio. "Muitas pessoas usam para lavar louça, roupa e banheiros. Quem bebe vem buscar." Texto Anterior: Seca obriga paraibanos a consumir água lamacenta Próximo Texto: Para família, água é uma 'preciosidade' Índice |
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