São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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Margem alta é no crédito

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

As taxas dos empréstimos a pessoas físicas e empresas acompanharam, em 96, a queda observada na captação de dinheiro no mercado. A distância entre os dois tipos de juros, entretanto, continua larga demais.
Nos bancos, que praticam taxas um pouco mais baixas que as do comércio no crédito direto ao consumidor, o acumulado do ano chega a 102,51%.
Isso representa 59,33% sobre o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que pode ser considerado parâmetro do custo de captação. É margem extremamente elevada, mesmo abrigando custos fiscais, operacionais, taxa de risco e o lucro em si da instituição financeira.
No ano passado, as taxas do crédito direto ao consumidor nos bancos pesquisados pelo Procon em São Paulo acumularam cerca de 170%, com margem de 76% sobre o CDI.
Nos financiamentos contratados no próprio comércio os juros são ainda mais elevados.
Pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) indica taxa acumulada de 230% na média do comércio, e 165%, na média das grandes cadeias de lojas.
A margem das grandes redes, em termos reais, ultrapassa 100% mesmo que o parâmetro seja o CDI. "O ganho financeiro se transformou na grande atividade do comércio", desabafa Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac e coordenador da pesquisa sobre juros.
O grande tomador de crédito no país ainda é o governo, que não paga tanto quanto o consumidor. O custo da rolagem da dívida, a taxa Selic, é próximo ao CDI de 27,10%.
Mesmo assim, com juro real em torno de 16% e um estoque crescente de dívida, dizem os analistas, torna-se cada vez mais difícil o ajuste das contas públicas.
(GJC)

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