São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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'Vale Tudo' é a predileta das atrizes

DANIEL CASTRO E MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Vale Tudo", segunda colocada na enquete da Folha, é a predileta das atrizes. Carolina Ferraz, Débora Bloch, Beatriz Segall, Suzana Vieira e Bruna Lombardi votaram na trama de Gilberto Braga.
"'Vale Tudo' é um clássico. Eu adoraria ter feito a Maria de Fátima (vilã vivida por Glória Pires). Só eu, não. Nove entre dez atrizes gostariam de tê-la feito", declara a atriz Carolina Ferraz.
A novela fazia uma crítica social enfocando a honestidade. Os personagens centrais ou eram corruptos ou íntegros. Maria de Fátima, por exemplo, odiava sua mãe, Raquel (Regina Duarte), e ainda desapareceu com os 800 mil dólares que ela achou.
"'Vale Tudo', assim como 'Que Rei Sou Eu?' tinha entretenimento, história envolvente e refletia o país daquele momento", justifica o "eleitor" Silvio de Abreu, autor de "Guerra dos Sexos" e "A Próxima Vítima".
"Roque Santeiro"
"Roque Santeiro" foi a primeira novela a denunciar a exploração da fé. O protagonista, que todos acreditavam que estivesse morto, era tido como santo. A cidade, Asa Branca, prosperou e sobreviveu graças ao mito, que se revelou uma farsa.
"Além de bem feita, a novela tinha personagens originais, um conteúdo, uma mensagem: é muito fácil enganar o povo em nome de uma ilusão, da santidade", afirma Renata Pallottini, 65, professora de dramaturgia da Escola de Comunicações e Artes da USP (Universidade de SP).
Para José Wilker -que votou em "Beto Rockfeller"-, o sucesso de "Roque Santeiro" se deveu à "maneira brilhante" como os atores fizeram a novela e ao momento em que a trama foi exibida, em 1985.
"Ela foi de encontro ao sentimento coletivo dominante na época. Se tivesse sido antes, não teria feito metade do sucesso."
Aguinaldo Silva, co-autor de "Roque Santeiro", elogia a direção. "O Paulo Ubiratan descobriu o tom exato", conta.
"Dancin'Days"
Nunca uma novela mexeu tanto com o comportamento quanto "Dancin'Days". Suas meias de lurex e suas melissinhas sobreviveram ao tempo e voltaram, nos anos 90, como acessórios dos "modernos".
"A novela foi um luxo, inesquecível", diz Maria Carmem Barbosa, co-autora de "Salsa e Merengue".
Cinco dos seis eleitores de "O Rei do Gado" votaram apenas na primeira fase da novela. Só Raul Cortez votou no conjunto.
"A primeira fase não é novela. É cinema. Só na segunda fase é que há a narrativa de novela, com conteúdo político e social muito fortes", justifica.
Regina Duarte, a "grande vencedora" da enquete da Folha -atuou em "Roque Santeiro" e em "Vale Tudo"- votou em uma novela cujo nome não se lembrava: "Renúncia".
"Foi a primeira novela que vi. Era a história de uma mulher (Irina Greco), que morava numa ilha e se apaixonava por um músico (Francisco Cuoco), que ficava tocando no convés de um navio", diz. "Renúncia", de Walter Negrão e Roberto Freire, foi a 13ª telenovela diária da TV brasileira -a primeira da Record- no ar entre julho e setembro de 1964.

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