São Paulo, segunda-feira, 30 de dezembro de 1996
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Poluição no Guarujá piora e ameaça férias

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

A poluição de duas das principais praias do Guarujá (87 km a sudoeste de SP) ameaça comprometer toda a temporada de verão de quem se dirigiu ao balneário paulista para passar as férias.
Para a Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental), é pequena a possibilidade de uma reversão no quadro das praias de Pitangueiras e Enseada até o final de janeiro.
Desde a sexta-feira, as duas praias (que, com a de Pernambuco, lideram a preferência dos banhistas) foram classificadas como impróprias em toda sua extensão.
O problema na cidade começou na Enseada, onde foi constatado um rompimento, a 500 metros da areia, de um emissário submarino.
Todo o esgoto transportado pela canalização, que deveria ser lançado a 4.000 metros da praia, passou a vazar pela ruptura.
Desde o dia 19, a análise da água detectava aumento do número de coliformes fecais e, na semana passada, a praia teve uma área de 1.200 metros considerada imprópria.
A situação se agrava nesta época, quando a população do Guarujá -250 mil habitantes- triplica com as festas de final de ano e as férias. O incremento populacional faz crescer a produção de esgoto.
No trecho junto à av. Puglisi da praia de Pitangueiras, por exemplo, o número de coliformes fecais por 100 ml de água subiu de 130, no dia 19, para 2.419, no dia 26.
A Sabesp passou a adicionar cloro aos dejetos, para eliminar microorganismos causadores de doenças como hepatite e gastroenterite. A grande quantidade de esgoto, somada à rede clandestina, pode tornar a medida ineficaz.
Alguns reparos no emissário submarino serão feitos para evitar o vazamento a 500 metros da praia.
Mas, como as obras só devem terminar no final de janeiro, a previsão da Cetesb, segundo sua assessoria de imprensa, é de que Enseada, Pitangueiras e a praia das Astúrias se mantenham impróprias por ao menos mais um mês.
Operação
Ontem, funcionários da Cetesb distribuíram panfletos avisando os frequentadores das três praias sobre a baixa qualidade da água.
Oito faixas de alerta foram colocadas ao longo delas. O mau tempo colaborou para que a afluência às áreas afetadas fosse pequena.
Também ontem, a Sabesp anunciou que deve promover em janeiro uma operação "caça-esgoto" no Guarujá.
Detectadas as ligações, a Sabesp tentará impedir que o esgoto seja jogado nos canais. O superintendente não soube dizer quantas ligações clandestinas há na cidade.

Colaborou a Agência Folha

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