São Paulo, segunda-feira, 30 de dezembro de 1996
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Tupac Amaru recua em exigências

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

A melhoria das condições de prisão dos guerrilheiros no Peru deve se constituir em um dos principais pontos de negociação entre o governo e os integrantes do MRTA que mantêm 83 reféns na casa do embaixador do Japão em Lima.
Em comunicado divulgado anteontem, a liderança do Movimento Revolucionário Tupac Amaru pela primeira vez não fala expressamente na libertação de seus seguidores presos. Essa era a principal reivindicação e constava de dois comunicados anteriores.
Ontem foi emitido outro sinal de que os dois lados estão abandonando as posições iniciais de não fazer concessões.
Na Alemanha, o porta-voz internacional do MRTA, Isaac Velazco, disse à "Reuter" que o grupo está preparado para negociar sua exigência inicial e pode aceitar uma solução intermediária.
Questionado sobre o que isso significa, ele disse: "Não necessariamente a libertação de todos os prisioneiros políticos".
Prisões
Na declaração de sábado, o comandante do MRTA, Nestor Cerpa Cartolini, faz referência às más condições de prisão e ao "drama" das famílias dos presos.
A legislação peruana determina que os condenados por ligação com a guerrilha permaneçam em total isolamento no primeiro ano de prisão. A partir do segundo ano, eles pode receber visitas de familiares mais próximos -apenas 30 minutos por mês.
A leitura do comunicado do MRTA foi um dos pontos da negociação que permitiu a libertação de 20 reféns a partir das 17h de sábado (20h de Brasília).
Agora restam 83 pessoas em poder do Tupac Amaru, entre elas o chanceler do Peru, o chefe da Suprema Corte e um irmão do presidente Alberto Fujimori.
Cartolini disse que o MRTA não aceita ser equiparado ao Sendero Luminoso, que, segundo ele, se caracteriza pela "violência irracional". A condenação da violência do grupo rival reforçou ainda mais o tom conciliador do comunicado.
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O sociólogo Raúl González, considerado um dos maiores especialistas em violência política do Peru, acredita que o MRTA já tenha conseguido tudo o que poderia.
Ganhou publicidade e projeção internacional que supera a de qualquer movimento de esquerda existente hoje no mundo.
E o pronunciamento feito por Fujimori há pouco mais de uma semana deixa clara a possibilidade de os integrantes do MRTA deixarem o país, disse González.

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