São Paulo, terça-feira, 31 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTRA A SANGRIA

Sendo um país que fez clara opção pelo transporte rodoviário para escoamento da produção e passeio, em detrimento das ferrovias, é inaceitável que o Brasil tenha uma malha rodoviária tão deteriorada.
A primeira grande baixa, inestimável, é sem dúvida a que se refere a vidas humanas. Mas o mau estado das rodovias implica também alguns prejuízos quantificáveis.
A aventura de alto risco por estradas brasileiras gera aumentos no consumo de combustíveis, no tempo de viagem e no custo operacional dos veículos. Sem contar que o custo das obras em estradas que tiveram sua recuperação postergada tende a crescer exponencialmente.
Segundo dados do Ministério dos Transportes, do DNER e do Ipea, o mau estado das rodovias federais causa um prejuízo anual de R$ 2,5 bilhões. Pelo Orçamento da União haveria um déficit anual de US$ 1,4 bilhão para as obras necessárias.
A baixa disponibilidade orçamentária coloca como única alternativa viável o incremento dos programas de concessão para exploração das estradas pela iniciativa privada, já iniciados em vários pontos do país. Por esses programas, as estradas são administradas por empresas privadas por um período definido em contrato.
Diante da incapacidade de o Estado assumir os custos impostos pelo quadro atual, esse é no momento o único caminho para que possam ser executadas grandes obras de recuperação de rodovias e sejam aliviados os gastos com conservação.
Essa alternativa, por fim, não diminui a importância de que as licitações sejam feitas de forma absolutamente regular e de que sejam cobrados valores de pedágio justos e estritamente à altura das benfeitorias realizadas. Máxima transparência, portanto, é um princípio que deverá nortear essa parceria contra uma dupla sangria: de vidas e de recursos.

Texto Anterior: INFLAÇÃO E LUA-DE-MEL
Próximo Texto: CAINDO NA REDE
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.