São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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FHC descarta adiar a venda do Meridional

HELCIO ZOLINI

HELCIO ZOLINI; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso descartou o adiamento da privatização do Banco Meridional e criticou o uso político dos bancos oficiais.
A crítica foi feita durante jantar oferecido a ele pela bancada de parlamentares gaúchos, ocorrido anteontem na casa do deputado Adroaldo Streck (PSDB-RS).
Vinte e oito dos 31 deputados federais e os três senadores do Rio Grande do Sul que participaram do encontro quiseram convencer FHC a suspender o processo de privatização do Meridional.
O banco foi federalizado em 1985 após intervenção no antigo Sulbrasileiro, e recebeu US$ 121 milhões para voltar a operar normalmente -sob controle estatal.
O Meridional tem a maior parte de seus negócios voltada para o Rio Grande do Sul.
Os parlamentares defendem que o governo mantenha o banco federal e o transforme numa agência de fomento a negócios de empresários brasileiros com parceiros do país no Mercosul (mercado comum entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).
Tratamento paulista
O senador Pedro Simon (PMDB) lembrou o caso Banespa e sugeriu tratamento semelhante ao conferido ao banco paulista.
"O Rio Grande do Sul não vai aceitar essa privatização, tu vai acabar se arrependendo", disse.
O presidente rebateu o senador, lembrando que ele já havia criticado o Plano Real e que poderia errar novamente na sua avaliação.
FHC disse que a situação do Banespa é completamente diferente da do Meridional.
O Banespa, segundo ele, foi quebrado pelos governos anteriores ao atual e, se fosse oferecido do jeito que estava à iniciativa privada, não iriam aparecer interessados para a compra.
Para o presidente, não haveria interessados nem se o Banespa fosse oferecido de graça.
Além disso, o presidente considerou que o acerto foi um mau negócio para o Banespa, que deu garantias ao governo e terá que pagar R$ 100 milhões mensais para abater sua dívida.
FHC citou também o Banerj e o Banco do Brasil, que também se encontrariam em situação difícil devido ao uso político.
Ele disse que o Meridional será mais útil aos gaúchos se estiver nas mãos da iniciativa privada.
O presidente se mostrou disposto a discutir uma fórmula permitindo que o controle acionário do Meridional fique no Rio Grande do Sul e que parte do dinheiro apurado com a privatização do banco seja aplicada no próprio Estado.
Porta-voz
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, reafirmou ontem que FHC "veria com satisfação que capitais gaúchos se organizassem para a compra do banco".
"Muito mais importante que a discussão sobre o Meridional é a assistência que o governo vem prestando ao Rio Grande do Sul na renegociação da dívida do Estado", afirmou o porta-voz.
Segundo ele, o governo continua negociando parte da dívida mobiliária do Rio Grande do Sul.

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