São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Equipe econômica sofre ação do Ministério Público

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal moveu ação de improbidade administrativa contra os ministros Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Planejamento) e contra o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola -além de outros cinco diretores do BC.
Eles são acusados de terem autorizado, em agosto de 95, a utilização de recursos públicos para cobrir saques de até R$ 5 mil dos correntistas e poupadores de bancos liquidados ou sob intervenção federal desde o início do Plano Real, em julho de 94.
Segundo a ação, esses recursos foram retirados -em desrespeito à legislação- das reservas monetárias para pagar depósitos de clientes dos bancos Econômico, Mercantil S.A. e Comercial de São Paulo.
No último dia 11 de agosto, o Banco Central decretou intervenção federal nesses bancos.
A reserva monetária reúne recursos decorrentes da cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) até 1988.
Desde então, a reserva se mantém com o retorno de injeções de dinheiros em bancos quebrados. Sua aplicação não é prevista no Orçamento da União.
Na ação consta que a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e a Câmara de Defesa do Patrimônio Público recomendaram que o BC não utilizasse recursos públicos para instituições financeiras sob intervenção.
O BC não atendeu à recomendação, pois liberou os recursos da reserva monetária baseado em um voto no CMN (Conselho Monetário Nacional) -cujo conteúdo nunca foi divulgado na íntegra.
A ação aponta que essa decisão do CMN fere a Constituição porque invadiu competência exclusiva do Congresso Nacional.
Também consta na ação que o CMN não pode autorizar operação de crédito sem a garantia de recursos para o ressarcimento.
A Procuradoria entende que as garantias não poderiam ser oferecidas, já que os bancos sofreram intervenção por "insuficiência patrimonial e incapacidade de honrar compromissos assumidos".
Segundo o presidente do BC, Gustavo Loyola, o mecanismo para garantir saques em bancos quebrados criado no final de 95, o seguro de depósito, ressarcirá a reserva monetária do dinheiro gasto com o Econômico e os demais bancos quebrados após o Real.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, também é citado na ação do Ministério Público.

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