São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Socialite abaixa as calças para desconhecido

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

O empresário tapuia se divide em duas categorias: a) o que vive na montanha-russa para cumprir as obrigações com o fisco e com seus dependentes e b) aquele outro, que deixa até de cumprir a folha de pagamento, mas não abre mão do haras.
Quanto ao povo do dito "café society", esse revela uma homogenia surpreendente. Todos, sem exceção, se beneficiam da famosa "boca-livre". Pois não é que, no último dia 20, empresários da citada categoria bê e membros do "jet-set" tapuia se reuniram em Punta del Este, no Uruguai, para celebrar os 20 anos do casamento de Gilberto (who?) e Henriqueta (quem?) Scarpa (Ah! Esses sim, a gente conhece).
Digamos que você, ó leitor que paga seus impostos em dia, fosse convidado para uma megafestança, sem saber ao certo quem é o generoso anfitrião que se ofereceu para bancar passagem aérea, estada, champanhe, caviar e extras. Você iria? Digamos, ainda, que você tivesse ouvido, de orelhada, que seu anfitrião é conhecido de Orestes Quércia e Zé Português e que a procedência do dinheiro desembolsado pela extravagância é desconhecida. Você iria?
A resposta a essas duas perguntas talvez seja o cerne de uma questão interessante. A ela: imagino que a maioria dos leitores, que não convive com gente badalada e que está com o saco estourando diante de tanta corrupção, tenha dito de pronto que não iria. Já os socialites...
Esses vão, nem que seja só para alegar que estão indo tomar de volta o que é deles. Mas perder? Jamais!
Fico imaginando como se sentiram os boas-vidas que compareceram à festa de Gilberto Scarpa, quando leram esta semana nos jornais as acusações que pairam sobre seu anfitrião. O homem é acusado de sonegar a previdência e parte da dívida se refere a valores que o empresário descontou da folha de pagamento dos funcionários. Estarão os socialites morrendo de arrependimento? Só se for para uso externo.
Detalhe: à entrada da casa de Gilberto Scarpa em Punta, há um retrato da família pintado pelo excelso retratista Roberto Camasmie. Deu para sentir o cheiro da brilhantina?

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