São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Funcionário pede mais segurança

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A morte a agulhadas de um doente de Aids ontem no Emílio Ribas criou um clima de pânico entre médicos e funcionários. "Vivemos cercados de ameaças", disse Claudio André de Souza, diretor da associação que reúne os funcionários do hospital.
Um médico que pediu para não ser identificado disse temer as crises entre os doentes.
"Precisamos de mais segurança e mais funcionários. Mas todos fogem daqui por causa dos baixos salários."
O psicólogo Valter Gallego, que trabalha com portadores do HIV, disse que o paciente pode sofrer uma crise nervosa quando sabe da doença.
Há também doenças oportunistas que afetam o sistema nervoso, como a toxoplasmose. E o próprio vírus pode atacar o sistema nervoso central, provocando surtos psicóticos, como no caso da encefalopatia. Esses surtos, entretanto, não são frequentes.
Em março de 1993, dois pacientes se mataram saltando das janelas do Emílio Ribas. As crises podem acontecem mesmo em portadores aparentemente sadios. No ano passado, um deles colocou fogo na própria casa. Outro tentou matar um parente. Tratados, os dois superaram as crises e voltaram a trabalhar.
No Emílio Ribas, os funcionários registram vários incidentes com pacientes em crise. O hospital é o maior e o mais antigo instituto de doenças infecciosas da América Latina. Tem 360 leitos planejados, mas a metade está desativada por falta de funcionários. Há cerca de 110 doentes de Aids internados.
José Araujo, diretor do GIV -grupo de auto-ajuda que reúne portadores e doentes de Aids- disse que nos períodos noturnos faltam funcionários e não há segurança no hospital. "Não há profissionais suficientes para cuidar dos doentes. Nem critérios para separar um paciente do outro."

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