São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Inadimplência força BB a reduzir seus empréstimos

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta inadimplência está forçando o Banco do Brasil a emprestar menos para os seus grandes clientes.
No início do ano passado, 49,3% dos créditos estavam concentrados nas grandes empresas. Já em novembro, elas passaram a contar apenas com 38% dos recursos. Os grandes clientes são aqueles que faturam mais de R$ 621 mil por ano.
Os clientes pequenos (com faturamento anual inferior a R$ 207 mil) aumentaram sua participação dentro dos financiamentos do BB.
Nesta mudança de perfil, houve um crescimento de 70% dos pequenos. Os clientes de nível médio subiram de 9,2% do total de empréstimos para 12,2% no mesmo período.
O diretor de Crédito Geral do BB, Edson Ferreira, disse que a desconcentração foi consequência do alto volume de créditos irregulares. No ano passado, o banco tinha R$ 20 bilhões em dívidas não pagas e irregulares.
Segundo ele, os grandes eram responsáveis pela maior parte da inadimplência. "Nós temos grande interesse de que os grandes clientes façam negócio conosco mas eles não vêm mais para pegar dinheiro" disse.
O setor público também teve reduzida a sua cota de financiamento. Até 95, o BB tinha 18% de seus recursos emprestados para este segmento. No início de 96, a fatia reduziu para 9%.
"Queremos evitar a repetição do volume de operações irregulares que tivemos no passado".
A inadimplência do BB chegou a representar 20% das operações totais. Ela abaixou para 10% e a meta da diretoria é ficar entre 2% e 3%.
Esta queda foi provocada pela campanha de recuperação de crédito iniciada em setembro do ano passado. Ela conseguiu regularizar pouco mais de 20% dos créditos.
"Planejamos uma campanha, organizamos os meios e houve mudança de postura em relação à cobrança", afirmou Ferreira. Do total de R$ 20 bilhões, R$ 4,7 bilhões estão em dia -apenas R$ 1,1 bilhão foi recebido em dinheiro ou bens.

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