São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Revista de rock ganha som na Internet

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Acabou o tempo em que revistas de rock falavam do diabo a quatro, mas não traziam o que mais interessa a seu público: música. Esse tempo acabou para quem está na Internet e tem uma placa de som no micro (R$ 150, em média, nas boas lojas do ramo).
A primeira revista a apostar na conjugação de críticas e trechos da música que está sendo criticada chama-se "Addicted to Noise" (Viciado em Barulho) ou "ATN" (veja no quadro ao lado o localizador da revista).
Como todo ovo de Colombo, a idéia da "ATN" começa a se espalhar. A "Rolling Stone", maior revista de rock dos Estados Unidos com uma circulação quinzenal de 1,2 milhão de exemplares, está tocando um projeto para entrar na Internet. Com som, é claro.
E, até o final deste mês, a primeira revista de música brasileira na Internet, a "Brazilian Music Up to Date", também começa a tocar músicas (leia texto ao lado).
Como quase tudo na Internet, rede de computadores com estimados 40 milhões de usuários no mundo, a "ATN" começou como uma experiência de fundo de quintal no final de 1994.
Hoje, é considerada pelo meio musical norte-americano como uma das três melhores revistas de rock dos EUA. O detalhe é que as outras duas, por enquanto, só circulam em papel: a "Spin" e a "Rolling Stone", .
A "ATN" foi fundada pelo jornalista Michael Goldberg em San Francisco, a cidade da costa oeste dos EUA onde o idealismo hippie encontrou os computadores.
A "ATN" tem o espírito desse encontro. Tanto que o projeto de Goldberg é reviver as revistas de rock do final dos anos 60, quando eram um pouco mais do que um catálogo de anúncios de moda.
Ele sabe do que fala. Por dez anos, Goldberg escreveu na "Rolling Stone", da qual é editor-contribuinte até hoje.
O saudosismo dos anos 60 poderia ser mero blablablá para hippie dormir não fosse o profissionalismo da "ATN". Do fundo de quintal, ela só conservou um certo charme supostamente rebelde.
A revista tem edições mensais que são atualizadas todo dia. Cobre o mundo do rock da Nova Zelândia aos cafundós do Kentucky.
Por causa do charme de ser a primeira revista eletrônica de rock, conseguiu reunir alguns dos maiores críticos dos EUA. O principal deles, Greil Marcus, é mito no mundo do rock desde os anos 60.
Outra vantagem da "ATN" é comum a qualquer publicação veiculada na Internet: você pode consultar a edição de janeiro deste ano ou as 12 do ano passado. Tudo fica armazenado em computador.
Goldberg não revela quanto está investindo nem qual é a audiência da "ATN". Mas a indústria da música já começa a se dobrar à nova mídia. A revista tem anunciantes do porte da Sony, da Warner e da Reprise. Não se sabe se pagam para anunciar, mas são gravadoras que não costumam rasgar dinheiro.
Outro associado à "ATN" é a rede de lojas de discos Tower. Toda vez que um usuário da "ATN" opta por comprar um disco, aparece na tela do computador um formulário de vendas da Tower.
O problema aí são os preços da Tower, US$ 15,99 em média contra os US$ 11,99 da CD Now (http//:www.cdnow.com), uma loja virtual de discos na Internet.

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