São Paulo, sábado, 3 de fevereiro de 1996
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No fio da navalha

MAURO TAGLIAFERRI

Flavio Briatore, "capo" da Benetton, já elegeu um time como favorito ao Mundial de 96 da F-1: a Ferrari, de Michael Schumacher.
"É como organizar um concerto de Pavarotti num teatro para 20 pessoas. Eles jamais levariam Schumacher se não tivessem estrutura para dar a ele uma máquina vencedora. Benetton e Williams brigarão pela segunda colocação", comentou, na apresentação da Ligier, em Mônaco. Claro que ele não falava a sério.
Mas demonstrou a arma contra a qual o alemão terá de lutar durante nesta temporada, a pressão.
Nada indica, por enquanto, que a Ferrari terá um carro vencedor. Schumacher nunca trabalhou tanto como agora, na tentativa de desenvolver o novo motor da escuderia, o qual apresenta sérios problemas de confiabilidade.
Só que o bicampeão é, longe, o melhor piloto entre os que largarão na F-1 neste ano e vai tentar compensar, na habilidade, as deficiências que o carro apresentar.
Quer dizer, vai brigar com sua Ferrari, andar acima do limite, lembrando o que acontecia com Ayrton Senna na Williams.
Pode até dar certo. Mesmo não levando o título, Schumacher beliscaria algumas vitórias e daria um verdadeiro show nas pistas, contentado as passionais torcida e imprensa italianas, fontes constantes de pressão sobre o corredor.
Só que pode dar errado. Passar do limite significa andar no fio da navalha, tornar-se mais vulnerável aos erros e acidentes.
Melhor carro mesmo quem deve ter é a Williams. Lá, no entanto, o problema é o inverso. Damon Hill fica aquém de seu equipamento, anda abaixo do limite.
Resta Jacques Villeneuve. Como já disse Emerson Fittipaldi, "o moleque de bobo não tem nada". O canadense conhece a maioria das pistas do campeonato e passa por intensivos testes para se adaptar ao carro. Mesmo assim, a inexperiência pesa contra ele.
Na McLaren, um mistério. Segundo a "Autosprint", quem vê Mika Hakkinen jura que ele não possui condições de voltar a pilotar. Por enquanto, a escuderia não deu sinal de que substituirá o finlandês.
Por fim, as Benetton de Briatore. Gerhard Berger já destruiu duas nos primeiros treinos.
"Mandei a conta para ele", brincou o dirigente. A brincadeira, entretanto, pode ficar bem séria se o austríaco não se adaptar ao carro novo da escuderia.

O jornalista José Henrique Mariante volta a escrever a coluna na semana que vem

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