São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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Preocupação central é garantir água limpa

Projetos tentam contemplar urbanização e despoluição

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Metade dos projetos indicados pelo governo brasileiro como "boas práticas urbanas" contempla uma das principais preocupações dos especialistas: fazer um melhor uso da água existente no planeta.
Com o crescimento das cidades e a consequente necessidade de mais água, despoluir rios e represas deixou de ser uma bandeira de ambientalistas, para reunir técnicos das mais variadas áreas -principalmente os de saúde.
A preocupação não é infundada, já que cerca de 10 milhões de pessoas (50% crianças) morrem todos os anos em centros urbanos devido à falta de saneamento básico adequado, segundo dados da ONU.
A ausência de água tratada e de rede de esgoto é diretamente responsável pela transmissão de uma série de doenças.
Por isso, a grande maioria dos projetos que vão ao Habitat 2 tem uma "abordagem integrada". Ou seja, procura atacar o problema por várias frentes.
Os programas tentam urbanizar favelas, levando asfalto e redes de água e esgoto, e ainda conscientizar a população da necessidade de se preservar a água limpa.
"A despoluição de qualquer reservatório de água está diretamente ligada às condições de vida da população. Sem saneamento, não dá para limpar a água", afirma Elisabete França, coordenadora-executiva do Programa Guarapiranga na Prefeitura de São Paulo, um projeto para despoluição do segundo maior reservatório da cidade.
O plano de despoluição da represa de Guarapiranga é, segundo seus idealizadores, ideal porque reúne preocupação com o meio ambiente e saúde pública.
Iniciativa semelhante foi implantada em Curitiba (PR), onde oito ONGs (organizações não-governamentais) fiscalizam o projeto de despoluição dos rios da região.
O objetivo é garantir que o projeto seja cumprido à risca, isto é, que ele saia do papel e que a qualidade da água realmente melhore.
Outro projeto que também reúne saneamento básico e despoluição de reservatórios é o de Jaboatão de Guararapes (PE), que pretende despoluir até o ano 2000 a maior lagoa do Estado, a Olho D'Água.
Os demais projetos têm como foco central a questão habitacional -com programas de urbanização de favelas em áreas próximas de mananciais (nascentes de água).
Mas também acabam contribuindo para melhorar a qualidade da água porque reduzem a quantidade de esgoto sem tratamento que é jogada em represas, rios e mares.
Todos os projetos tentam reunir o maior número de "sócios". Na maioria, governos municipais e estaduais se unem com os moradores para implantar o programa.
"Projetos como esse (para despoluir rios e represas) têm que ter a participação da sociedade ou então não funcionam", diz Teresa Urban, coordenadora do programa de Curitiba.

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