São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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Recomendações do Habitat 1 ficaram no papel

DA REPORTAGEM LOCAL

Passados 20 anos desde o Habitat 1, que aconteceu em Vancouver (Canadá), pouca coisa foi feita para que a principal recomendação da conferência -a melhoria da qualidade de vida nas cidades- virasse realidade.
Outros pontos acertados pelas Nações Unidas em 1976 também estão longe de serem postos em prática. A "participação dos habitantes no planejamento, construção e gestão dos assentamentos" ou "pleno emprego" se esvaziaram na crise econômica mundial das últimas duas décadas.
A conclusão oficial mais importante das Nações Unidas, que fez parte de um documento divulgado apenas no ano passado, é que a qualidade da moradia urbana está vinculada às oscilações econômicas mundiais.
Ou seja, depois de 20 anos a ONU chega à conclusão que quanto pior estiver a economia, mais pessoas vão morar mal.
Outra constatação da ONU, também publicada ano passado: as condições de vida nas cidades pioraram muito desde 1976.
Alguns números: em 1975, 35% dos então 4 bilhões de habitantes do mundo viviam em centros urbanos. Hoje, 45% da população mundial (2,4 bilhões de pessoas) vive nas cidades. Cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm onde morar ou vivem em locais que trazem risco à vida.
A ONU explica que essa situação é resultado da crise econômica mundial, causada pela alta no preço do petróleo, em meados dos anos 70. A crise afetou as fontes de financiamento habitacional.
Quando foi realizado o encontro de Vancouver, as expectativas de crescimento econômico e de investimento nas cidades eram otimistas. Acreditava-se que o mundo vivia uma fase desenvolvimentista.
O Habitat 1 ignorou a crise do petróleo e, ao contrário do que foi previsto na época, começou um declínio na renda dos assalariados. O desemprego foi o passo seguinte. Ao mesmo tempo em que perdiam empregos e viviam com salários achatados, os habitantes das cidades tiveram que pagar mais caro as taxas de energia elétrica. A alimentação também encareceu em razão do aumento do combustível.

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