São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996 |
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Infrações diminuem entre policiais que oram
ROBERTA DIAS
São os chamados "PMs de Cristo", grupo formado na cidade há cerca de sete meses. Eles realizam trabalhos sociais fora do expediente de trabalho e são motivo de piadas entre os colegas não-adeptos da prática religiosa. O PM José da Silva (o nome é fictício) diz que não participa do grupo por não acreditar que "a palavra de Deus possa endireitar bandido". Segundo os PMs de Cristo, o objetivo do trabalho é auxiliar as pessoas carentes espiritualmente. Entre as infrações cometidas pelos PMs, a de maior ocorrência é o "emprego de força física" nos casos de detenção. O sargento V.L., 28, disse que ficou conhecido uma época como o mais problemático nessas horas. "Depois que entrei no grupo nunca mais respondi a um processo." O resultado dessa nova filosofia, segundo a Companhia da PM de Batatais, foi a diminuição do número de procedimentos administrativos e inquéritos policiais militares desde a sua implantação. Nos cinco primeiros meses de 95 foram instaurados 34 processos para apurar possíveis irregularidades ou faltas cometidas por PMs. Nos sete meses subsequentes, depois que as reuniões começaram, apenas quatro processos foram instaurados. "Estamos enfrentado um único caso de alcoolismo. Nosso trabalho é conversar com essa pessoa e orientá-la", disse o capitão Francisco Ferreira Alves Neto, 35, comandante da 2ª Companhia de Policiamento Militar em Batatais e um dos integrantes do grupo. Segundo os policiais, uma prática comum antes do grupo era a de inventar uma convocação fora de hora para poder sair de casa sem a mulher reclamar, sabendo que, na companhia, alguém confirmaria. O cabo Nélson de Souza Nicésio, 33, disse que um colega o agradece por tê-lo impedido de cometer adultério. "Ele ia sair com uma garota e eu apenas questionei se deveria", disse. As orações acontecem às terças-feiras das 16h às 18h. Texto Anterior: Falam o dia inteiro ao telefone Índice |
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